segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Como você avalia as produções textuais de seus alunos?


Já pensou em dialogar com o aluno e seu texto?
Veja a nossa experiência: O bilhete em uma prática de avaliação dialógica
Nas aulas de Língua Portuguesa dos bolsistas do PIBID é realizado, com grande ênfase, o trabalho com a produção textual, envolvendo gêneros diversos. Sendo assim, é necessário também avaliar os textos produzidos. Logo, é preciso saber que avaliar não é somente caçar erros dos alunos, mas ser um professor-leitor, interessado no que o aluno tem a dizer, interagindo com o texto e seu autor.
Cabe aqui expor uma das experiências desenvolvidas com produções de textos narrativos e avaliação textual interativa por meio do bilhete em turmas do 1° ano do Ensino Médio de uma escola pública de Irati-PR, no ano de 2011.
 No decorrer de algumas aulas, foi proposto aos alunos a produção de uma narrativa, seguida da avaliação desses textos e de sua reescrita, a partir dos apontamentos (bilhetes) realizados na primeira escrita. Assim, após um longo trabalho com propostas de leituras de crônicas, fábulas, letras de música e filmes, foi destinado aos alunos a seguinte proposta de produção:
“Com base nos textos trabalhados: a fábula ‘A corrida dos sapinhos’; a letra da música ‘Tente outra vez’ e os filmes ‘Desafiando Gigantes’ (fragmentos) e ‘A procura da felicidade’, elabore um texto narrativo abordando a principal temática: determinação, persistência e confiança. Tente mostrar em seu texto que apesar das dificuldades podemos superar qualquer obstáculo.”
Após o término da primeira escrita, os textos foram recolhidos e foi dado início ao processo de avaliação textual: nós, bolsistas PIBID, atuamos como avaliadores-leitores e baseando-nos no dialogismo, construímos bilhetes nos textos dos alunos com o intuito de provocar e instigar a reescrita, na qual os estudantes observassem as dicas, as críticas, sugestões, elogios e indagações a respeito da narração e, a partir da interação com os bilhetes, refletissem e voltassem com uma nova versão muito mais elaborada do texto. 
Após a reescrita, foram realizadas comparações entre as duas versões textuais, analisando como os alunos responderam aos bilhetes na reescrita e que melhorias textuais floresceram dessas respostas. A maioria dos alunos respondeu de forma positiva aos bilhetes. A título de exemplo, seguem, abaixo, trechos de dois textos, mostrando a primeira produção escrita, bem como o bilhete escrito por uma bolsista PIBID e a reescrita desse texto pelos alunos, apontando aspectos que foram atendidos, principalmente no conteúdo textual.
TEXTO 1:
Escrita
(trecho da 1ª versão)
Bilhete
Reescrita
 (trecho da 2ª versão)
Superação (título)
(...) – Pedrinho, nunca desista de você, tenha confiança, persistência.
Então o menino cresceu e superou todos os obstáculos que encontrou no caminho, superou o preconceito na escola e na vida, conseguiu seu primeiro emprego e foi evoluindo, acreditando em si próprio, sempre com o apoio da mãe. (...)
- Seu texto está bom, porém, seria interessante você reescrevê-lo falando um pouco mais sobre este preconceito e a superação;
- Que tal dar um título mais interessante para a sua narração?
- Você poderia acrescentar mais emoção para sua história, pois parece que foi tão fácil Pedrinho ter conseguido superar as dificuldades. E mais, você esqueceu de falar quais foram estas dificuldades enfrentadas e depois vencidas por Pedrinho.

Uma vida de superação (título)
(...) – Pedrinho, nunca desista de você, tenha confiança, persistência.
E o menino ficava com os olhos estáticos e os ouvidos bem abertos para escutar o que sua mãe dizia.
Passados vários anos, ele cresceu, não só em estatura, ficou muito mais maduro e com sua autoestima reerguida. Passou a ignorar o preconceito, superando todos os obstáculos que encontrou na vida: o desrespeito, as diferenças sociais, físicas e econômicas.
Pedro conseguiu seu primeiro emprego em uma empresa e com muito suor e dedicação, foi prosperando nesta empresa. (…)

TEXTO 2:
Escrita
(trecho da 1ª versão)
Bilhete
Reescrita
 (trecho da 2ª versão)
(o aluno esqueceu de colocar um título)
(...) Em um dia ensolarado, iria acontecer um sacrifício de um homem na arena, ele iria ser jogado aos leões.
(...) Aquele leão havia morrido, mas havia mais um leão além daquele morto. Robert saltou nas costas do leão e deu uma facada. O leão não morreu, respondeu a facada com uma patada na perna de Robert, após alguns minutos o leão morreu e Robert não resistiu a patada em sua perna.
E o homem morre e Felícia fica traumatizada com a cena e se põe a chorar. E com aquela faca que estava na mão de Robert, Felícia  se mata.
- Você escreveu um bom texto, mas, principalmente no final, você fugiu da proposta de produção (que era a superação de um obstáculo). Reescreva seu texto elaborando um novo final, mostrando que Robert, com seu esforço, alcança um final feliz.
- Gostaria de saber por que ocorriam os sacrifícios na arena. Era um costume do povoado? Você poderia comentar isto no texto.
   - Coloque um título bem criativo em seu texto. Que tal?

Tudo por amor (título)
(...) Em um dia ensolarado, iria acontecer um sacrifício de um homem na arena, em que eram soltos alguns leões e nesses sacrifícios todos que moravam ali por perto, sempre iam ver, inclusive a pricesa e o homem apaixonado.
..  (...) Aquele leão havia morrido, mas havia mais um leão além daquele morto. Robert, muito corajoso, saltou nas costas do leão e deu uma facada. O leão não morreu e correspondeu  a facada com uma patada na perna de Robert. Após alguns minutos, o animal morreu e Robert com muita perseverança pegou a luva e entregou-a para Felícia e eles se casaram e foram felizes para sempre, como nos contos de fada.

            Nas reescritas textuais, constatou-se que os alunos interagiram, “responderam” às dicas e orientações presentes no bilhete: refletiram e modificaram o título da narração, acrescentaram mais detalhes em seu texto, organizando melhor as ideias e, principalmente, usaram mais criatividade em sua reescrita, mudanças essas resultantes do diálogo estabelecido com o professor-leitor, via bilhete.
É importante ressaltar que os bilhetes foram direcionados para que estes atuassem como uma “conversa” com o autor e seu texto, estabelecendo diálogos. Na elaboração dos bilhetes, foi tomado muito cuidado para que eles não tivessem o caráter de ordem. Para tanto, foram utilizadas expressões como: “seria interessante”; “que tal”; “você poderia”, que serviram como orientações e sugestões para mudanças textuais. E, ainda, antes de criar os bilhetes, a bolsista-PIBID se posicionou realmente como uma leitora dos textos, assumindo o papel de interlocutora, tentando compreender o raciocínio do aluno/locutor para poder intervir. Por isso foram citados nos bilhetes nomes de personagens, situações acontecidas na narração, demonstrando, de fato, interesse na história narrada. O bilhete orientativo pedia mudanças não só na estrutura da narrativa, mas principalmente no conteúdo, o que implicava na atenção para a revisão e à reescrita.

Para mais informações acerca deste trabalho de avaliação textual realizado pelos bolsistas PIBID acesse: <http://www.encontrosdevista.com.br/Artigos/Avalia%C3%A7%C3%A3o%20da%20produ%C3%A7%C3%A3o%20escrita.pdf>

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