sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Greve e cidadania

Por: Rosana Taís Rossa 

A Constituição Federal, em seu artigo 9º, e a Lei nº 7.783/89 asseguram o direito de greve a todo trabalhador, competindo-lhe a oportunidade de exercê-lo sobre os interesses que devam por meio dele defender”. (http://www.guiatrabalhista.com.br/guia/greve.htm).
O Paraná vive dias de tensão e expectativa. Greves em diversos setores têm deixado a população em estado de alerta. As barbaridades que estão sendo feitas com os professores, servidores públicos e caminhoneiros estão sendo repreendidas com certa veemência por essas classes que conhecem e reconhecem seus direitos.
Mas a greve não é só direito! Todo cidadão tem como dever a luta pelos interesses da comunidade, interesses estes que interferem direta e indiretamente na vida de toda a população. Não basta assistir pela televisão ou acompanhar pelas redes sociais. É necessário ir à luta, ir às ruas e gritar. Gritar por liberdade, gritar por justiça, gritar por dignidade, porque é isso que todos os profissionais querem e merecem.
No dia 25 de fevereiro de 2015 mais de 50 mil pessoas saíram das praças Santos Andrade e Rui Barbosa com destino ao Centro Cívico, em Curitiba, para atrair a atenção da sociedade e reivindicar a reintegração de benefícios. A capital do estado foi tomada por um mar de trabalhadores de diversas categorias e demais populares que não concordam com as atitudes do atual governador do Paraná.




O PIBID/Português da UNICENTRO campus Irati marcou presença na passeata em prol da educação básica e do ensino superior, já que este também corre graves riscos devido ao corte da verba de custeio, dinheiro necessário para a manutenção das universidades.
Acompanhadas da Professora Loremi Loregian-Penkal, coordenadora do PIBID/Português da UNICENTRO/I, as acadêmicas de Letras e bolsistas do PIBID Rosana Taís Rossa, Ana Caroline dos Santos e Lorena Portela Rebesco participaram da passeata e assistiram a uma sessão na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) onde os deputados se comprometeram a devolver alguns dos direitos que haviam sido tirados dos professores. Porém, a classe não ficou satisfeita. Todos cansaram das promessas enganosas apresentadas frequentemente por aqueles que deveriam fazer o possível para melhorar vidas, mas que acabam por prejudicá-las.



É o PIBID/Português da UNICENTRO – Irati exercendo sua cidadania na prática.

Apesar da greve, várias atividades relativas ao PIBID continuam sendo desenvolvidas, tais como: leituras de textos teóricos de Linguística e Sociolinguística; atividades de escrita e reescrita de textos diversos; elaboração de planos de aula e de projetos temáticos, entre outras.

Link consultado:
http://www.guiatrabalhista.com.br/guia/greve.htm. Acesso em 26 de fevereiro de 2015.




domingo, 15 de fevereiro de 2015

O que é ser professor universitário no Brasil?

Fonte: https://marcoarmello.wordpress.com/2015/02/12/professor/. Acesso em 15 de fevereiro de 2015. (Com adaptações).
O que diferenciaria o professor universitário dos outros? Simples: esse cargo foi inventado para ser ocupado por profissionais que associam pesquisa e ensino. Sim, essas duas atividades são indissociáveis no conceito original de professor universitário. Mas, por quê? Porque espera-se que um professor universitário esteja sempre na vanguarda da sua área. Espera-se que ele atue na formação de profissionais de nível superior, ensinando-lhes não apenas o conhecimento já sedimentado, mas também as novidades e macetes. Para se formar em uma profissão de nível superior, o aluno tem que ser apresentado tanto aos fundamentos quanto à vanguarda. Acima de tudo, espera-se que um professor universitário produza ele mesmo algumas novidades. Sim, um professor universitário tem a obrigação não apenas de transmitir, mas também de produzir conhecimento. E a transmissão de conhecimento se dá principalmente em sala de aula, passando informações  consolidadas para os aspiras, e também divulgando descobertas em revistas técnicas indexadas e revisadas por pares.
Então um professor universitário tem que fazer pesquisa também? Sim, claro! Ninguém se atualiza tanto em uma área, quanto alguém que precisa disso para fazer as próprias pesquisas, porque ama a ciência.
And the plot thickens… Pelas leis brasileiras federais e estaduais, a carreia de professor universitário envolve, em geral, cinco pilares:
  • Ensino: coordenação e participação em disciplinas de graduação e pós-graduação, presenciais ou à distância.
  • Pesquisa: investigação científica ou tecnológica para produção de conhecimento. Na verdade, a área da pesquisa envolve mais um monte de coisas além da investigação e publicação, como revisão de artigos, editoração de revistas científicas, organização de congressos, administração de sociedades científicas, consultoria para agências de fomento, assessoria à imprensa, assessoria política dentro da área em que é perito e muito mais.
  • Orientaçãoformação de novos cientistas através de estágios e projetos orientados de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado.
  • Extensão: assessoria e divulgação de conhecimento científico e técnico para o público externo à universidade através de consultoria, palestras, cursos, exposições, museus etc.
  • Administração: cargos de chefia em geral, cargos em órgão representativos da universidade (câmaras, conselhos, congregações), gerenciamento de projetos, captação de verbas externas, contabilidade, direção de laboratórios, etc.
Dependendo da universidade e do seu regimento interno, espera-se que o professor universitário envolva-se com no mínimo dois ou três desses pilares. Os melhores professores acabam se envolvendo com todos. O único pilar obrigatório é o ensino. Só fica desobrigado parcial ou totalmente de dar aulas quem ocupa altos cargos administrativos, como chefe de departamento, diretor de instituto, pró-reitor ou reitor. Significa que, na prática, nem todo professor universitário é obrigado a fazer pesquisa.
Vamos destrinchar um exemplo mais concreto: as universidades federais brasileiras. De acordo com a lei que rege essas instituições, o professor universitário “padrão” (sem cargo de chefia ou outras condicionantes) é obrigado a dar de 8 a 12 créditos por semestre. Cada crédito representa mais ou menos 15 h em sala de aula. Ou seja, o sujeito é obrigado a passar dentro de sala entre 120 e 180 h por semestre. Um professor dedicado, que de fato gasta tempo e energia com as aulas, precisa de no mínimo 2 h de preparação (slides, leituras, material biológico para aulas práticas, preparação de computadores etc.) para cada 1 h em sala. Vamos considerar que uma disciplina obrigatória de graduação tem 4 créditos (60 h) e costuma ser organizada de forma a ocupar 4 h em sala por semana. Logo, das 40 h de trabalho semanais determinadas por lei, o professor acaba passando pelo menos 12 h envolvido com a disciplina. Isso, fora as horas gastas com atendimento de alunos e correção de trabalhos. Assim, a conta pode facilmente chegar a 16 h por semana ocupadas com cada disciplina e piora na época das provas e entrega de trabalhos, se o professor não contar com ajudantes. Supondo uma turma com cerca de 60 alunos, imaginem a seriedade da ralação. E, já que o mínimo são 8 créditos, o que nós, professores, enfrentamos é isso vezes dois, pelo menos.
Para se ocupar com 2 disciplinas de 4 créditos por semestre, totalizando 8 créditos, e realmente ministrá-las com qualidade, o professor universitário não poderia se envolver com mais nada! A quem estamos enganando? A única forma de aliviar essa carga é através da ajuda de pós-graduandos que atuam como tutores e graduandos que atuam como monitores. Mas nem todo professor ou toda disciplina contam com o apoio de auxiliares. Os tutores remunerados conhecidos internacionalmente como “TAs” (teaching assistants), comuns nos EUA, Alemanha, França e UK, chegaram a ter uma versão brasileira temporária durante o Reuni. Só que o programa foi planejado para durar apenas cinco anos. Só para variar, nada é pensado a longo prazo neste país, tudo é paliativo, tudo é jeitinho.
Como alguém pode se dedicar de verdade à pesquisa de ponta tendo sobre os ombros o peso de uma carga didática massacrante como essa? Como alguém pode fazer extensão e atender de outras formas o mundo real fora da Academia, sendo obrigado a dar aulas igual a um burro de carga? Na verdade, como seria possível conciliar qualquer um dos outros quatro pilares da carreira com um ensino de qualidade em grande quantidade?
O Brasil tem um verdadeiro fetiche pela sala de aula! Em universidades de ponta, a carga semestral obrigatória do professor não ultrapassa 4 créditos. Na prática, os professores e alunos passam muito menos tempo em sala, justamente porque se dá mais valor à independência dos aspiras. O bom aluno do ensino superior gasta a maior parte do seu tempo estudando por conta própria, sozinho ou em grupo, através de tarefas orientadas ou leitura espontânea. O momento em sala com o professor na aula teórica (lecture ouVorlesung) serve para apresentar ou consolidar o conteúdo principal, receber orientações, tirar dúvidas e passar tarefas. No Brasil, castramos a individualidade, a criatividade, a autonomia, a iniciativa e o livre pensamento, porque insistimos em adestrar os alunos em cativeiro.
Voltando ao ponto de vista do professor, dá para entender porque nunca chegaremos ao mesmo nível de qualidade em ensino e pesquisa do primeiro mundo? Ficou claro porque estamos fadados a enxugar gelo e ficar sempre dois passos atrás dos nossos colegas mais afortunados? Por favor, nunca mais diga que um professor universitário brasileiro não pode reclamar de dar aulas demais, porque “tem cargo de professor”. Isso é tão estúpido quanto dizer que um professor universitário que tem bolsa de produtividade está desrespeitando a dedicação exclusiva, porque é também “pesquisador do CNPq”.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

MODERNIDADE E SÉCULO XIX: ROLA?

Por: Rosana Taís Rossa

Em 2014, mantendo o sistema do PIBID português de atuação em duplas, fomos para a sala de aula a fim de desenvolvermos nosso trabalho. O gênero discursivo escolhido foi o conto e, para explorá-lo, selecionamos “O gato preto”, de Edgar Allan Poe, obra escrita no século XIX. 


A princípio, fizemos a aplicação de sondagem, perguntando aos alunos quanto aos seus conhecimentos sobre "conto" e "suspense" e iniciamos a sequência didática. O primeiro passo no estudo do texto foi sua leitura compartilhada. Numeramos os parágrafos e fizemos um sorteio entre os alunos, sendo que os interessados em participar da leitura receberam um número correspondente ao parágrafo e o leram.

Nas aulas posteriores, fizemos diversos questionamentos aos alunos acerca do comportamento do protagonista do conto, cenário imaginado por eles, fisionomias das personagens e as maneiras como as ações aconteceram. Em uma das aulas, levamos os alunos até a sala de vídeo e mostramos uma animação do conto “O gato preto” para eles. A partir dela, levantamos diversas discussões acerca do imaginário do leitor versus o imaginário do criador da adaptação.

Com base nisso, os alunos começaram a citar obras literárias que foram adaptadas para a televisão e que não foram fiéis à imaginação deles, como Crepúsculo, Harry Potter, O Senhor dos anéis, O Hobbit e A culpa é das estrelas. Esse diálogo nos mostrou que a leitura ainda tem o poder de tirá-los de onde estão e levá-los para outro mundo.



Por intermédio dessa atividade, pudemos perceber ainda o quanto é importante que o professor busque inovação, elementos diferentes para compor sua aula, a fim de resgatar o interesse dos alunos pela leitura, pois embora diga-se que os jovens e adolescentes leem, sabemos que sem um auxílio para explorar essa leitura muita coisa se perde. Portanto, é de grande relevância o trabalho com diversas adaptações dos textos estudados em sala.

Recentemente, a página de entretenimento e divulgação científica no facebook “Literatortura” publicou uma matéria em que foram anexados links de animações de oito contos de Edgar Allan Poe, facilitando o trabalho de garimpo que os professores realizam sempre que vão preparar uma aula especial. Essas animações são pertinentes porque, no geral, são curtas e pode-se abordar diversos aspectos que as circundam.

É importante destacar que qualquer esforço para tirar as aulas de Língua Portuguesa da monotonia é válido, desde que o professor esteja certo do trabalho que irá realizar. Por isso, uma ótima ideia para trazer os alunos para a aula e para o texto é explorar elementos visuais, como vídeos e imagens. Atividades como a proposta aqui despertam o interesse e a curiosidade de seus alunos.

Fica a dica!