sábado, 31 de outubro de 2015

PIBID/Português na SIEPE: Ensino e Pesquisa nos projetos temáticos

Por: Rosana Taís Rossa

No período de 26 a 30 de outubro de 2015 ocorreu, na UNICENTRO, a IV Semana de Integração Ensino Pesquisa e Extensão - SIEPE. Neste evento, todos os cursos ofertados pela instituição realizam mesas-redondas, oficinas, palestras, minicursos e comunicações orais voltadas para suas áreas de conhecimento.

Com o SEHLA, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes não foi diferente. Acadêmicos e professores dos cursos desse setor realizaram diversas atividades, expondo trabalhos e promovendo discussões bastante pertinentes para suas práticas.

O PIBID/Português também marcou presença na SIEPE. Coordenadora, bolsistas e supervisores participaram da programação direcionada tanto para o programa quanto para a área de Letras em geral.

Na terça-feira, dia 27, tivemos uma mesa-redonda do PIBID envolvendo todos os cursos de licenciatura. Na mesa se fizeram presentes uma bolsista de Letras Português, Lorena Rebesco, uma supervisora de geografia de um dos colégios parceiros do programa, professora Sílvia, a coordenadora do subprojeto de Inglês, professora Ruth Mara Buffa e a coordenadora institucional do PIBID na UNICENTRO, professora Karina Beckmann. Nas falas das participantes foram ressaltados os benefícios e contribuições que o PIBID proporciona às instituições parceiras, bem como a experiência adquirida pelos bolsistas por meio do contato com os alunos e com os professores supervisores.

Após a mesa-redonda, tivemos exposições de banners relatando práticas desenvolvidas pelo PIBID em todos os cursos. O subprojeto de Letras Português também exibiu seu trabalho, demonstrando a grande parceria entre escola e universidade.


Na foto, as bolsistas Lorena, Mônica, Larissa, Rosana, Jociane, Ana Caroline, Reguina e Franciane, o supervisor de um dos colégios parceiros do programa, professor Isaías, a coordenadora do PIBID/Português, professora Loremi e o professor Gilberto, que auxilia a coordenação geral dos PIBIDs, na mostra de banners.

Quarta-feira, dia 28, foi o dia das apresentações dos acadêmicos. As bolsistas do PIBID/Português realizaram comunicações orais nos períodos da tarde e da noite e tiveram como arguidoras a Prof.ª Dr.ª Loremi Loregian-Penkal e a Prof.ª Dr.ª Édina Cabral. Com temas bastante variados, as comunicações evidenciaram a dedicação empenhada pelas pibidianas durante o 1º semestre de 2015, período em que as atividades apresentadas foram desenvolvidas.

As bolsistas Franciane Lava e Andreia Masnei mostraram de que forma ocorreu a aplicação do projeto temático desenvolvido por elas, voltado para o texto dissertativo. Título do trabalho: O texto dissertativo argumentativo em sala de aula: experiências do PIBID.

A pibidiana Rosana Taís Rossa relatou passo a passo o trabalho elaborado e administrado no colégio parceiro com o gênero discursivo provérbio. Através da comunicação “Ditos populares em pauta: estudo do gênero discursivo provérbio em projeto desenvolvido pelo PIBID/Português”, ficaram claras as estratégias empregadas para explorar o gênero.


Lorena Rebesco também trabalhou com os provérbios, no entanto, enriqueceu ainda seu projeto abordando também o gênero discursivo fábula. A partir da comunicaçãoProvérbio e fábula em sala de aula: ações do PIBID/Português, os presentes puderam compreender perfeitamente todas as etapas do projeto seguidas pela pibidiana.


Reguina Kovalczyk e Jociane de Paula também expuseram seu trabalho, intitulado "Texto dissertativo/ argumentativo". As pibidianas relataram o processo de exploração da tipologia textual e a produção, reestruturação e reescrita textual feitas pelos alunos.


A bolsista Ana Caroline dos Santos apresentou em sua comunicação “Gênero notícia em sala de aula: um relato de experiência” os passos seguidos por ela para expor o gênero discursivo notícia, explorando diversos exemplos e realizando comparações entre os diferentes posicionamentos de autores acerca do mesmo tema, despertando, assim, a criticidade dos alunos do Ensino Médio.



Durante todas as apresentações tivemos a participação das professoras debatedoras e do público, que prestigiaram e interagiram com os trabalhos das pibidianas. A supervisora de um dos colégios parceiros também esteve presente, reforçando a integração e a interação entre escola e universidade.

As bolsistas do PIBID/Português também participaram dos demais dias da SIEPE, contribuindo como monitoras e ouvintes nas oficinas, minicursos e palestras, comprovando o quão enriquecedor é o projeto para o avanço do ensino e da pesquisa na universidade.   

sábado, 24 de outubro de 2015

Como trabalhar variação linguística em sala de aula?

Por: Rosana Taís Rossa

Os tempos mudaram e, consequentemente, nossa linguagem também. Quando paramos para observar a correria que circunda nosso cotidiano, vemos que a rapidez com que as coisas acontecem se estende para todas as instâncias. Os tentáculos da pressa abraçam tudo, inclusive nossos atos de fala. A necessidade de comunicar, convencer, explicar, questionar e criticar exige esperteza e rapidez.

Se sabemos que a linguagem é a forma que o ser humano tem para existir no mundo, fica claro o quão importante é que ele se comunique. Esse falar sofre grande variação linguística, como ocorre com o apagamento dorfinal dos verbos no infinitivo. 

Mas como trabalhar esse fenômeno na sala de aula? Talvez essa seja a pergunta de muitos professores de língua materna. Como trabalhar a dicotomia fala e escrita valorizando cada modalidade e explorando seus recursos? Acerca desse ponto, Bortoni-Ricardo esclarece que

Língua escrita é uma coisa, língua falada é outra. Ninguém fala como escreve, exceto em algumas situações em que a formalidade exija um alto grau de monitoramento ou cuidado, e vice-versa, ou seja, ninguém escreve como fala, a não ser em situações de muita informalidade. Fala e escrita têm funções e usos diferentes na sociedade. (BORTONI-RICARDO, 2015, p. 163)

A letra de música sempre foi um recurso interessante para explorar os recursos linguísticos. Podem-se desenvolver práticas muito produtivas a partir desse gênero discursivo, desde que selecionemos os materiais adequados.

Um dos maiores sucessos do cantor Gilberto Gil,Andar com , traz dois exemplos que podem ser estudados como variação linguística. A música começa comAndar com eu vou / Que a não costuma faiá. Essa construção retrata o linguajar interiorano, falado em vários lugares do país. É interessante levar aos alunos a música para que eles ouçam e observem se alguma coisa estranha. Quando eles identificarem a palavra e a classificarem comoerrada, o professor pode interferir e fazer considerações sobre o preconceito linguístico e as variantes regionais.

Em outros momentos da música, o cantor repete a construção , uma simplificação fonética de estáQue a na mulher / A na cobra coral. A partir desse exemplo, podem-se abordar outras ocorrências desse fenômeno, como o caso do vossa mercê.
Pensando no Ensino Fundamental, é possível trabalhar com gêneros discursivos muito interessantes, como a tirinha e a charge. Nesses textos podemos explorar diversos aspectos linguísticos, principalmente de variação. Na tira do Chico Bento, por exemplo, podem-se promover reflexões com os alunos através de perguntas de leitura.




Entre estas, podemos citar:

1. Você percebeu alguma coisa diferente na tirinha do Chico Bento? O quê?
2. O que você achou da linguagem empregada pelo personagem Zé Lelé no primeiro quadro da tira?
3. Você já ouviu alguém utilizar os termos “vo” e “tirá” durante uma conversa? E na escrita, você já viu?
4. O que provoca o efeito de riso na tirinha?
5. Você acha certo falar e escrever como o personagem do texto? Se não, onde está o equívoco na fala do personagem?

Acerca da linguagem formal e informal, uma proposta bacana é escrever no quadro uma sentença quase incompreensível, como Excelentíssima senhora minha mãe, vossa excelência me concederia a graça de realizar o magnífico favor de passar a ferro meu traje apropriado para me dirigir à instituição de ensino que frequento? e a partir dela fazer as seguintes perguntas de leitura:

1. O que significa essa frase? Você teve facilidade para interpretar a mensagem?
2. Quem é o interlocutor desse texto?
3. Você usaria uma frase como essa em casa? Como você falaria?
4. Qual é o favor que o filho está pedindo pra mãe?
5. Com quem você utilizaria esses termos?
6. Você já conversou com alguma pessoa e usou essa linguagem?
7. Essa é uma linguagem formal ou informal?
8. Ela é certa ou errada?

Por fim, como mais uma proposta de trabalho com a adequação linguística o professor pode valer-se do texto a seguir e explorar as mesmas perguntas de leitura feitas anteriormente.



São perfeitamente praticáveis essas atividades com gêneros variados para o trabalho com variação linguística. Se o professor tiver disposição e interesse é possível que ele desenvolva práticas muito positivas na abordagem das variações linguísticas.

Referências

BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Por que a escola não ensina gramática assim? 1 ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2014.


Música Andar com , de Gilberto Gil, disponível em: http://www.vagalume.com.br/gilberto-gil/andar-com-fe.html