Por: Franciane Lava
Atualmente, várias
questões são levantadas quando o assunto é o processo de produção
textual. Os estudiosos da área procuram desenvolver novas
metodologias para que o trabalho do professor com a escrita em sala
de aula seja mais significativo.
No decorrer dos anos,
muitas concepções metodológicas de escrita foram criadas,
evidenciando-se mais recentemente “a escrita como trabalho”, que
está catalogada tanto nas Diretrizes Curriculares da Educação –
Língua Portuguesa (PARANÁ, 2008) como nos Parâmetros Curriculares
Nacionais de Língua Portuguesa – PCN (BRASIL, 1998).
Na escrita como
trabalho, a produção textual torna-se um trabalho contínuo de
ensino e aprendizagem, ou seja, há a realização prévia de
atividades que são essenciais para desencadear uma proposta de
escrita. Assim, para produzir o texto, o autor passa pelas etapas do
processo de escrita: planejamento, execução do texto escrito,
revisão e a reescrita, sempre com o auxílio do professor, como
coprodutor do texto, mostrando ao seu aluno a finalidade da produção
que está sendo realizada, o interlocutor e o gênero a ser produzido
(MENEGASSI, 2013).
Pensando na escrita como
trabalho, o processo da revisão é um fator muito significativo para
se ter avanços na escrita dos alunos. Nesse processo, o professor de
língua portuguesa realiza mediações de modo a possibilitar que o
aluno reflita sobre sua produção, perceba o que pode ser melhorado
para que a escrita atinja os propósitos pretendidos. Essa noção de
revisão é chamada de “Revisão textual-interativa”,
fundamentada na concepção dialógica de linguagem, derivada de
Bakhtin, distanciando-se das correções tradicionais que geralmente
indicavam, resolviam e classificavam os erros dos alunos.
Quanto à revisão
textual-interativa, Nicola destaca:
Na perspectiva dialógica,
o papel do professor deve ser de interlocutor disposto a dialogar com
o texto e seu autor. Trata-se de uma postura construtiva e interativa
na correção com a intenção de construir o comportamento do aluno
revisor dos próprios textos. Assim, o principal propósito da
prática de correção deve ser o de levar o aluno à reflexão sobre
seu próprio discurso e os efeitos de sentido que produzirá no
interlocutor (NICOLA, 2009, p.55).
A revisão
textual-interativa é realizada através de bilhetes interativos, que
podem ser escritos pelo professor no final do texto do aluno. Nessa
concepção, o professor começará elogiando a produção textual
dos alunos; logo após, anotará no bilhete o que o aluno deve
melhorar, fazendo-o refletir sobre o texto. Essa correção precisa
ser clara e objetiva, respeitando o texto do aluno e sua capacidade
de escrita. O professor necessita levar a escrita nessa concepção
como processo gradativo, corrigir poucos erros de cada vez, para não
desestimular o aluno no processo de revisão.
De acordo com as
Diretrizes Curriculares da Educação Básica;
Por meio desse processo,
que vivencia a prática de planejar, escrever, revisar e reescrever
seus textos, o aluno perceberá que a reformulação da escrita não
é motivo de constrangimento. O ato de revisar e reformular é antes
de mais nada um processo que permite ao locutor refletir sobre seus
pontos de vista, sua criatividade, seu imaginário. (PARANÁ, 2008,
p.70).
Os
professores de Língua Portuguesa precisam estar atentos às mudanças
que vêm ocorrendo na questão de novas metodologias de ensino. A
revisão de textos é uma ação sociointeracional de mediação e
subjetividade na/pela escrita que possibilita o exercício efetivo de
letramento escolar (NICOLA, 2009).
Adotando
a correção interativa em sala de aula, certamente irão ocorrer
mudanças construtivas na escrita dos alunos, pois o professor vai
mediar o trabalho de forma interativa e orientará a reescrita, visando à melhoria da produção.
Referências
BRASIL.
Parâmetros Curriculares Nacionais
– Língua Portuguesa. Brasil:
MEC/SEF, 1998.
MENEGASSI,
R. J. A revisão de textos na formação docente inicial. In:
GONÇALVES, A. V. (orgs.). Interação, gêneros
e letramento: a (re)escrita
em foco. Campinas, SP: Pontes Editores,
2013.
PARANÁ.
Diretrizes Curriculares
da Educação Básica.
Língua Portuguesa. Curitiba: SEED, 2008.
NICOLA,
R. de M. S.
Revisão
textual-interativa em editor de texto. IX
Congresso Nacional de Educação- EDUCERE, III Encontro Sul
Brasileiro de Piscopedagogia, 26 a 29 de outubro de 2009- PUCPR.
Disponível em: http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/3450_1848.pdf. Acesso em 14 de julho de 2015.