sábado, 28 de novembro de 2015

O processo de revisão textual: novas concepções

Por: Franciane Lava

Atualmente, várias questões são levantadas quando o assunto é o processo de produção textual. Os estudiosos da área procuram desenvolver novas metodologias para que o trabalho do professor com a escrita em sala de aula seja mais significativo.
No decorrer dos anos, muitas concepções metodológicas de escrita foram criadas, evidenciando-se mais recentemente “a escrita como trabalho”, que está catalogada tanto nas Diretrizes Curriculares da Educação – Língua Portuguesa (PARANÁ, 2008) como nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa – PCN (BRASIL, 1998).
Na escrita como trabalho, a produção textual torna-se um trabalho contínuo de ensino e aprendizagem, ou seja, há a realização prévia de atividades que são essenciais para desencadear uma proposta de escrita. Assim, para produzir o texto, o autor passa pelas etapas do processo de escrita: planejamento, execução do texto escrito, revisão e a reescrita, sempre com o auxílio do professor, como coprodutor do texto, mostrando ao seu aluno a finalidade da produção que está sendo realizada, o interlocutor e o gênero a ser produzido (MENEGASSI, 2013).
Pensando na escrita como trabalho, o processo da revisão é um fator muito significativo para se ter avanços na escrita dos alunos. Nesse processo, o professor de língua portuguesa realiza mediações de modo a possibilitar que o aluno reflita sobre sua produção, perceba o que pode ser melhorado para que a escrita atinja os propósitos pretendidos. Essa noção de revisão é chamada de “Revisão textual-interativa”, fundamentada na concepção dialógica de linguagem, derivada de Bakhtin, distanciando-se das correções tradicionais que geralmente indicavam, resolviam e classificavam os erros dos alunos.
Quanto à revisão textual-interativa, Nicola destaca:
Na perspectiva dialógica, o papel do professor deve ser de interlocutor disposto a dialogar com o texto e seu autor. Trata-se de uma postura construtiva e interativa na correção com a intenção de construir o comportamento do aluno revisor dos próprios textos. Assim, o principal propósito da prática de correção deve ser o de levar o aluno à reflexão sobre seu próprio discurso e os efeitos de sentido que produzirá no interlocutor (NICOLA, 2009, p.55).

A revisão textual-interativa é realizada através de bilhetes interativos, que podem ser escritos pelo professor no final do texto do aluno. Nessa concepção, o professor começará elogiando a produção textual dos alunos; logo após, anotará no bilhete o que o aluno deve melhorar, fazendo-o refletir sobre o texto. Essa correção precisa ser clara e objetiva, respeitando o texto do aluno e sua capacidade de escrita. O professor necessita levar a escrita nessa concepção como processo gradativo, corrigir poucos erros de cada vez, para não desestimular o aluno no processo de revisão.
De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica;
Por meio desse processo, que vivencia a prática de planejar, escrever, revisar e reescrever seus textos, o aluno perceberá que a reformulação da escrita não é motivo de constrangimento. O ato de revisar e reformular é antes de mais nada um processo que permite ao locutor refletir sobre seus pontos de vista, sua criatividade, seu imaginário. (PARANÁ, 2008, p.70).

Os professores de Língua Portuguesa precisam estar atentos às mudanças que vêm ocorrendo na questão de novas metodologias de ensino. A revisão de textos é uma ação sociointeracional de mediação e subjetividade na/pela escrita que possibilita o exercício efetivo de letramento escolar (NICOLA, 2009).
Adotando a correção interativa em sala de aula, certamente irão ocorrer mudanças construtivas na escrita dos alunos, pois o professor vai mediar o trabalho de forma interativa e orientará a reescrita, visando à melhoria da produção.

Referências

BRASIL. Parâmetros Curriculares NacionaisLíngua Portuguesa. Brasil: MEC/SEF, 1998.
MENEGASSI, R. J. A revisão de textos na formação docente inicial. In: GONÇALVES, A. V. (orgs.). Interação, gêneros e letramento: a (re)escrita em foco. Campinas, SP: Pontes Editores, 2013.
PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Língua Portuguesa. Curitiba: SEED, 2008.

NICOLA, R. de M. S. Revisão textual-interativa em editor de texto. IX Congresso Nacional de Educação- EDUCERE, III Encontro Sul Brasileiro de Piscopedagogia, 26 a 29 de outubro de 2009- PUCPR. Disponível em: http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/3450_1848.pdf. Acesso em 14 de julho de 2015.



sexta-feira, 20 de novembro de 2015

ABORDAGENS METODOLÓGICAS QUE PODEM MUDAR A REALIDADE DA ESCRITA E DA LEITURA

Por: Ana Caroline dos Santos
Os resultados apresentados pelas organizações responsáveis por avaliar os índices de aprendizado de leitura e escrita no Brasil têm sido alarmantes. Quando nos deparamos com essa realidade, consideramos que grande parte da metodologia adotada em sala de aula necessita ser repensada e que deve haver um trabalho conjunto que se inicia nos primeiros anos do Ensino Fundamental e vai até o Ensino Médio.
Nos anos iniciais, além de alfabetizarensinar o código da escrita, o docente precisa adotar práticas de letramento que, segundo Menegassi (2010), são estratégias para trazer à sala de aula a leitura e a escrita veiculadas na sociedade. Assim, torna-se imprescindível conduzir as leituras indagando sempre sobre os significados presentes e, com relação à escrita, é necessário que sejam produzidos vários textos e que haja o retorno desses para o aluno.
As Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa do Estado do Paraná - DCE (PARANÁ, 2008) - dão respaldo para abordagens metodológicas nas práticas de leitura e escrita. Segundo esse documento, as atividades de leitura devem ser executadas considerando que o leitor constrói significados. Desse modo, é essencial propiciar a reflexão dos alunos sobre o que é lido, quais as intenções, quem são os leitores pretendidos. Para desenvolver estratégias como essas, o professor, antes, deve ser um leitor crítico e ter consciência da importância da leitura no contexto social.
as práticas com a escrita, conforme as DCE (2008), devem pautar-se em três fundamentos básicos: planejar, escrever e reescrever. Após o professor escolher que gênero trabalhará com seus alunos e mostrar como a linguagem é articulada, refletir sobre quem são os interlocutores e, também, trabalhar um tema, lendo, debatendo, refletindo sobre diferentes pontos de vista. Ao solicitar uma produção textual, é importantíssimo deixar claro que objetivos devem ser alcançados com o texto, em que meios ele circulará, quem são os interlocutores, qual seu suporte.
Depois de uma análise detalhada feita pelo educador, fazendo o discente refletir se os objetivos foram alcançados e se as condições de produção foram atendidas, os aprendizes devem ser orientados quanto a questões da norma culta. Após todos esses passos, a reescrita deve ser executada.
Medidas como as explicitadas precisam ser tomadas, com o intuito de fazer com que as pessoas não apenas decodifiquem um texto, mas sim extraiam significados daquilo que leem e saibam se comunicar na variedade escrita. Para um trabalho completamente eficaz, nessas duas áreas, cabe à escola refletir sempre acerca das metodologias encaminhadas, dando atenção especial a alunos que ainda não se mostram como leitores e produtores de textos competentes.
Referências

MENEGASSI, R. J. Práticas de letramento. In: SANTOS, A. R. dos; ROMUALDO, E. C.; RITTER, L. C. B. Letramento e escrita. Maringá: Eduem, 2010.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica - Língua Portuguesa. Curitiba, 2008.