sexta-feira, 11 de abril de 2014

O que é ser professor?

 Rosana Taís Rossa

        Atividade interessante é parar para pensar no que constitui a prática pedagógica. Muito se fala sobre as dificuldades que o professor enfrenta, as deficiências do sistema educacional e, muitas vezes, a falta de preparo que ele apresenta, mas pouco se discute acerca da verdadeira função desse profissional. Então, qual é nossa missão?
        Quando entramos em um curso de licenciatura, a primeira coisa em que pensamos é que iremos ensinar nossos alunos a compreender os conteúdos programáticos a que serão submetidos e prepará-los para um teste que os admitirá em um ensino superior, ou em um emprego “melhor”. No entanto, a tarefa do professor é bem mais complexa. Talvez o mais relevante para se pensar é que trabalhamos com gente, com o humano, e isso torna nossa função mais complexa.
        O professor, antes de mais nada, deve entender que seu interlocutor não é máquina, nem animal, nem escravo pronto a ouvir, aceitar e se calar, mas sim um ser autônomo, racional e capaz de interagir, questionar e discordar. Outro fator de grande relevância é entender que muitas vezes o aluno não está bem de saúde, está passando por dificuldades financeiras, problemas em casa e outros percalços que atrapalham seu desempenho escolar, prejudicando seu aprendizado. O docente deve sempre entender essas situações e ter um bom jogo de cintura para administrá-las.
        Somos professores de português e nossa missão vai muito além de ensinar nossos alunos a escrever bons textos e interpretar obras literárias, mas envolve uma entrega total, "de corpo e alma", em prol do crescimento dos indivíduos, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades que eles terão para toda sua vida e não apenas usarão para uma finalidade limitada. Um ponto a nosso favor é que podemos desenvolver práticas de intertextualidade, envolvendo músicas, imagens, filmes e textos, interligando-os e discutindo sobre os mais variados temas, favorecendo a formação do caráter dos indivíduos.
       Permitir que os alunos leiam e interpretem textos, ampliem a criticidade, tenham condições de questionar o que lhes é imposto, desenvolvam a capacidade de escolher seus governantes com responsabilidade, entendam que não precisam concordar com tudo, mas que devem respeitar a opinião de todos... enfim, nossa função vai além do que se apresenta nos livros didáticos, mas está em nossas próprias concepções e filosofias e entendemos, portanto, que essas concepções são transmitidas aos nossos alunos e farão, certamente, muita diferença na vida deles. 

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