Nós professores de
língua portuguesa devemos sempre nos preparar e possuir um grande
embasamento teórico para trabalhar questões que envolvem
a linguagem oral e escrita em sala de aula.
O processo de
ensino da escrita modificou-se com o passar dos anos e várias
concepções de escrita foram adotadas. De acordo com Menegassi
(2013), são conhecidas quatro concepções de escrita: a) escrita
com foco na língua; b) escrita como dom/inspiração; c) escrita como
consequência e d) escrita como trabalho.
A
escrita com foco na língua
é aquela em que o professor, ao se deparar com o texto do aluno,
corrige diretamente os erros de grafia e a concordância do texto.
Seus alunos aprendem regras gramaticais por meio de exercícios, para
que seu texto esteja dentro da norma padrão da escrita.
A
escrita como dom/inspiração divina é a produção que tem por base um título ou uma frase que expõe o
tema ao aluno. Consiste em propor atividades para passar o tempo, sem haver uma
exploração do assunto e sem levar em conta as experiências e os
conhecimentos do leitor ou a interação que envolve esse processo.
A
escrita como consequência como
o próprio nome diz, a escrita é uma consequência de um trabalho
realizado na sala ou extraclasse, ou seja, se os alunos assistirem a um
filme, ou realizarem um passeio, a consequência será escrever um
texto, rápido para que se atribua nota e seja avaliado.
Por fim, há a
escrita como trabalho,
nessa concepção, a escrita torna-se um trabalho contínuo de ensino
e aprendizagem, ou seja, há a realização prévia de atividades que
são essenciais para desencadear uma proposta de escrita. Para
produzir o texto escrito, o autor passa pelas etapas de:
planejamento, execução do texto escrito, revisão e a reescrita. Essas etapas precisam ser realizadas sempre com o auxílio do professor como coprodutor do texto,
mostrando ao seu aluno a finalidade da produção que está sendo
realizada, o interlocutor e o gênero a ser produzido.
O trabalho com a
escrita, nessa última concepção, é planejado, pois os alunos
passam por diversas etapas para aprimorar seus textos, como o
processo da reescrita que é fundamental. Esta concepção ainda é
pouco utilizada, embora seja encontrada como diretriz em todos os documentos norteadores do
ensino de Língua Portuguesa. Segundo os Parâmetros Curriculares
Nacionais de Língua Portuguesa, PCNs, é preciso “apontar metas de
qualidade que ajudem o aluno a enfrentar o mundo atual como cidadão
participativo, reflexivo e autônomo, conhecedor de seus direitos e
deveres (1997, apud MENEGASSI, 2013, p. 4).
Assim, o trabalho
de revisão e reescrita auxiliam para melhorar os textos, deixando-os
mais claros e objetivos. Esse trabalho de refacção ajuda o autor a
melhorar seus textos, ampliando seu desempenho na escrita, pois, dessa forma, percebe-se
que a escrita é uma atividade de construção de conhecimento, ou
seja, o autor no trabalho de revisão torna-se leitor crítico do seu
próprio texto. Professor e aluno trabalham juntos para solucionar
as possíveis falhas de um texto.
Neste trabalho de
revisão o professor deve valorizar o que tem de bom no texto do
aluno, cuidar para não jogar tantas advertências, que poderão desmotivar o seu aluno a escrever, mas deve realizar uma correção adequada à
capacidade do aluno, respeitando o estilo, a linguagem, as ideias e o
enfoque escolhido pelo aluno.
Dependendo da
correção que o professor realiza no texto do seu aluno, pode
levá-lo a substituir ou ao deslocamento de alguma frase, e, até
mesmo, a eliminar alguma coisa. Como as correções realizadas pelos
professores são muitas Serafini (1998, apud MENEGASSI, 2013), esclarece
que as intervenções podem se apresentar sob três classificações:
Indicativa, Resolutiva e Classificatória.
Algumas
intervenções textuais realizadas nas correções nos textos dos
alunos podem ser mal interpretadas, como no caso da correção
indicativa, que apenas indica alguma falha, não deixando claro para
o aluno o que deve ser revisto. O revisor apenas aponta ou sublinha, não dá esclarecimentos do por quê.
O
mesmo fato ocorre na correção classificatória, em que o professor
faz uma marcação, ou utiliza algum símbolo para mostrar que há um
erro a ser revisto, como, por exemplo, colocar um símbolo para
indicar a falta de parágrafo. Sem compreender o que o professor
queria dizer, muitos alunos acabam ignorando a revisão. A
correção resolutiva é aquela que o professor acaba corrigindo o
texto do aluno, ignorando totalmente suas ideias. Essa abordagem de
correção não incentiva o aluno a refletir sobre a sua escrita e
sobre a importância da revisão.
Como contraponto de
todas essas correções temos a revisão textual-interativa, que
Ruiz explica que “Tratam-se de comentários mais longos dos que os da margem, razão pela qual são geralmente escritos em
sequência do texto do aluno [...]. Tais comentários realizam-se na
forma de pequenos ‘bilhetes’ [...]” (2001, apud MENEGASSI, p. 47).
Esse tipo de
revisão, por ser um recurso interativo, possibilita ao professor elogiar e também fazer o seu aluno refletir sobre os problemas
encontrados no texto. Nesse diálogo escrito, o professor explica,
esclarece, instrui e estimula a reescrita. Assim, o aluno não vê a
correção como um fator ruim, mas como algo positivo para melhorar o
seu texto.
Cabe ao professor
de Língua Portuguesa adotar essa metodologia. O professor deve
procurar sempre elogiar os textos dos alunos, pois dessa forma ocorre uma
aproximação muito maior entre professor e aluno e a interação é
muito importante em sala de aula. O bilhete orientador aparece
para resolver as possíveis dúvidas dos alunos e os faz refletir sobre o
texto escrito e sobre a importância da reescrita.
Referência
MENEGASSI,
R. J. A revisão de textos na formação docente inicial. In:
GONÇALVES, A. V. (Org.). Interação,
gêneros e letramento: a (re)escrita em foco.
Campinas, SP: Pontes Editores, 2013.
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