Para
Bortoni-Ricardo,
Machado
e
Castanheira
(2010),
a
leitura
tutorial
é
também
compreendida
como
leitura
compartilhada.
Nesse
tipo
de
atividade,
todas
as
estratégias
de
leitura
possíveis
são
acionadas.
Portanto,
é
uma
prática
que
busca
a
compreensão
global
do
texto
e
não
apenas
um
exercício
em
que
cada
aluno
lê
parte
do
texto
escolhido.
Para
que
ocorra
uma
boa
leitura
tutorial,
podem-se
oferecer
aos
alunos
algumas
atividades
ou
perguntas
– antes,
durante
e
após
a
leitura,
de
forma
a
aguçar
a
criticidade
leitora.
Logo
de
início
(antes
da
leitura),
pode-se
discutir
com
os
alunos
qual
a
finalidade
do
texto
em
questão
e
qual
objetivo
o
professor
tem
ao
sugerir
tal
leitura.
Afinal,
dependendo
do
objetivo,
as
estratégias
a
serem
trabalhadas
serão
diferenciadas.
Outro
ponto
importante
é
atualizar
o
conhecimento
dos
leitores,
isto
é,
buscar
informações
sobre
o
assunto
e
trazer
esse
conhecimento
para
a
sala
de
aula,
compartilhando
com
os
discentes.
Fazer
um
diagnóstico
prévio
do
assunto,
também
é
bastante
relevante.
Ademais,
os
conhecimentos
prévios
podem
determinar
uma
excelente
ou
péssima
leitura.
Durante
a
leitura,
é
indispensável
que
o
professor
forneça
informações
pertinentes
para
que
os
alunos
consigam
compreender
o
texto,
realizando
antecipações,
levantando
e
confirmando
hipóteses,
construindo
interpretações.
Pode
ocorrer,
durante
esse
segundo
processo,
uma
leitura
silenciosa
para
que
haja
uma
intimidade
com
o
texto,
porém
depois
se
deve
realizar
uma
leitura
compartilhada
para
que
exista
uma
exploração
completa
da
leitura.
Não
se
pode
esquecer
de
realizar
uma
leitura
inferencial,
pois
é
necessário
deduzir
o
que
não
está
explícito.
Para
que
o
aluno
consiga
fazer
as
inferências,
o
professor
deve
atuar
fortemente
como
mediador.
Ao
término
da
leitura,
o
momento
é
de
reflexão
e
expressão
da
sua
compreensão.
Assim
sendo,
realizar
atividades
complementares
é
fundamental.
Nesse
momento,
pode
ser
organizada
uma
atividade
no
molde
de
questionário
ou
resumo,
aumentando
as
possibilidades
de
construção
dos
sentidos
textuais.
O sucesso da Mala
Ilustração:
Ana dos Anjos.
Respiro
ofegante. Trago nas mãos uma pequena mala e uma agenda tinindo de
nova. É meu primeiro dia de aula. Venho substituir uma professora
que teve que se ausentar "por motivo de força maior".
Entro timidamente na sala dos professores e sou encarada por
todos. Uma das colegas, tentando me deixar mais à vontade,
pergunta:
- É você que veio substituir a Edith?
-
Sim - respondo num fio de voz.
- Fala forte, querida,
caso contrário vai ser tragada pelos alunos - e morre de rir.
-
Ela nem imagina o que a espera, não é mesmo? - e a equipe toda
se diverte com a minha cara.
Convidada a me sentar,
aceito para não parecer antipática. Eles continuam a conversar
como se eu não estivesse ali. Até que, finalmente, toca o sinal.
É hora de começar a aula. Pego meu material e percebo que me
olham curiosos para saber o que tenho dentro da mala. Antes que me
perguntem, acelero o passo e sigo para a sala de aula. Entro e
vejo um montão de olhinhos curiosos a me analisar que, em
seguida, se voltam para a maleta. Eu a coloco em cima da mesa e a
abro sem deixar que vejam o que há lá dentro.
- O que
tem aí, professora?
- Em breve vocês saberão.
No
fim do dia, fecho a mala, junto minhas coisas e saio. No dia
seguinte, me comporto da mesma maneira, e no outro e no noutro...
As aulas correm bem e sinto que conquistei a classe, que participa
com muito interesse. Os professores já não me encaram. A mala,
porém, continua sendo alvo de olhares curiosos.
Chego à
escola no meu último dia de aula. A titular da turma voltará na
semana seguinte. Na sala dos professores ouço a pergunta guardada
há tantos dias:
- Afinal, o que você guarda de tão
mágico dentro dessa mala que conseguiu modificar a sala em tão
pouco tempo?
- Podem olhar - respondo, abrindo o
fecho.
- Mas não tem nada aí! - comentam.
- O
essencial é invisível aos olhos. Aqui guardo o meu
melhor.
Todos ficam me olhando. Parecem estar pensando no
que eu disse. Pego meu material, me despeço e saio.
Cybele
Meyer
Disponível
em:
http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/sucesso-mala-634205.shtml. Acesso em 17 de julho de 2015.
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Trabalhando
o texto através da leitura tutorial
Para
iniciar
a
aula
com
o
texto
escolhido,
introduzimos
aos
alunos
as
perguntas
que
antecedem
a
leitura.
-
O
que
vocês
entendem
por
mala?
Qual
seu
significado?
Para
aumentar
a
curiosidade
dos
alunos,
podemos
apresentar
algumas
informações
a
respeito
do
surgimento
das
bolsas
e
malas,
bem
como
fotos
ou
vídeos
que
as
mostrem.
As bolsas e malas nasceram da necessidade dos antigos carregarem seus objetos indispensáveis as necessidades da época, como moedas, remédios, leques, tabaco, escovas de cabelo, relíquias, livros de oração e pedras preciosas. E também foi na antiguidade que nasceu a crença de que as bolsas femininas guardavam segredos, pois em algumas tribos africanas, acreditava-se que a bolsa da feiticeira continha poderes sobrenaturais que permitiam que ela entrasse em contato com as forças superiores, e nenhum homem era capaz de abri-la, porque temia. (http://www.todavoce.com.br/fa-de-carteirinha/historia-das-bolsas).
Após o
levantamento do conhecimento prévio sobre o assunto, podemos pedir a
colaboração dos alunos a respeito do título do texto, ou seja, o
que eles acham que poderá acontecer no desenrolar do texto, do que trata a história, etc. Nesse momento, também surge a necessidade
de discutir o porquê do trabalho com determinado texto, qual a
finalidade da leitura. Logo, podemos dizer que a finalidade em
trabalhar com o texto “O sucesso da mala” não é apenas
conseguir depreender o que está no corpo do texto; este trabalho
consiste em ir além do texto, em enxergar aquilo que é invisível
aos olhos, como diria “O Pequeno Príncipe”. A autora do texto
nos conduz ao pensamento de que dar aulas não é a pior nem a melhor
coisa do mundo, porém, o que se coloca em pauta é o modo de lidar
com os alunos, o despertar para a vida sem ter que ser atropelado
por ela.
Na sequência,
podemos fazer uma leitura silenciosa e, em seguida, a leitura
tutorial.
No primeiro
parágrafo, podemos instigar os alunos a verificar se o caso é
realmente de uma mala ou se há outra possibilidade de sentido para o
termo mala. Sugere-se discutir ainda um tom arbitrário na
receptividade para com a nova professora. Podemos anotar as
impressões dos alunos no quadro e depois, ao término da leitura, fazermos a discussão.
O outro passo
bastante importante é o de solicitar aos alunos que encontrem no
texto marcas ou frases que demonstrem a visão formada por alguns
professores que acabam generalizando os alunos e achando que todos
são iguais, que não existe exceções e ou que os alunos não
respeitam o professor.
Apesar
de tantas informações explícitas, é importante que o aluno também
saiba reconhecer o que está implícito no texto, ou seja, as ideias
que não se apresentam com tanta clareza, o invisível. Com relação
ao texto “O sucesso da mala,” aborda-se um modelo diferente de
conquistar os alunos e trazê-los para o contexto escolar. Vale
ressaltar que é necessário ler com fulgor o texto para poder
realmente compreendê-lo.
Assim,
vamos dando continuidade à leitura, realizando perguntas aos alunos,
colocando “minhoquinhas” em suas mentes, ativando os
conhecimentos prévios, confirmando ou descartando aquilo que
escrevemos no quadro negro antes de completarmos a leitura. No final
do texto, damos um enfoque maior com relação à essência
verdadeira da alma e do trabalho realizado com atitude.
Para
encerrar, pedimos aos alunos um breve apanhado do entendimento que se
encontra implícito no texto, do invisível, daquilo que nós
inferimos juntos durante a leitura, ou seja, da imagem
colocada pelos colegas da recém-chegada professora sobre o que seria
a sala de aula, e da não existência de uma fórmula mágica.
Referências
BORTONI-RICARDO,
S.
M.;
MACHADO,
V.
R.;
CASTANHEIRA,
S.
F.
Formação
do
professor
como
agente
letrador.
São
Paulo:
Contexto,
2010.
Crônica
“O
sucesso
da
mala”. Disponível em: revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/sucesso-mala-634205.shtml. Acesso
em
17/07/15.
http://www.todavoce.com.br/fa-de-carteirinha/historia-das-bolsas. Acesso em 17/07/15.
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