Por: Rosana Taís Rossa
Para
abrir
a
discussão
acerca
das
concepções
de
escrita,
nada
é
mais
pertinente
do
que
uma
referência
a
Bakhtin
(1997),
que
define
o
discurso
como
um
espécie
de
ponte
que
liga
locutor
e
interlocutor.
A
partir
dessa
colocação,
podemos
perceber
a
importância
que
a
linguagem
tem
para
unir
as
pessoas.
Considerando
que
a
língua
se
apresenta
também
na
escrita,
é
preciso
expô-la
nas
quatro
concepções
que
subsistem
atualmente.
A
primeira
concepção
de
escrita,
e
uma
das
mais
comuns,
é
a
escrita
com
foco
na
língua.
Nessa concepção,
o
que
é
considerado
em
um
texto
são
os
erros
ortográficos,
os
desvios
na
concordância
e
os
problemas
com
a
sintaxe.
É
dado
muito
valor
às
regras
gramaticais,
o
que
faz
com
que
os
alunos
tenham
que
decorar
nomenclaturas
e
fórmulas
prontas
para
construir
frases,
orações
ou
períodos.
Outra
concepção
de
escrita
também
bastante
frequente
é
a
escrita
como
dom/inspiração
divina.
Aqui,
o
aluno
recebe
uma
frase
qualquer
a
partir
da
qual
ele
deve
produzir
um
texto.
O
problema
principal
dessa
concepção
é
que
o
aluno
não
tem
nenhum
respaldo,
ou
seja,
o
tema
não
foi
explorado
com
ele,
portanto,
o
discente
não
tem
o
que
escrever.
Embora
ele
possa
ter
algum
conhecimento
do
tema,
sem
a
devida
abordagem
do
assunto
e
do
gênero
discursivo
solicitado,
o
estudante
não
tem
como
construir
um
texto
criativo
e
de
qualidade.
A
escrita
como
consequência
ocorre
em
diversos
âmbitos,
inclusive
no
acadêmico,
e
faz
com
que
os
alunos
sintam
medo
e
desprezo
pela
escrita.
Essa
concepção
ocorre
quando
o
professor
realiza
alguma
atividade
diferenciada,
como
um
passeio,
a
exibição
de
um
filme,
a
realização
de
uma
gincana
ou
de
uma
pesquisa
e,
posteriormente,
o
docente
solicita
uma
produção
textual
sobre
a
atividade.
Esse
tipo
de
prática
representa,
para
os
alunos,
uma
espécie
de
castigo
por
ter
participado
da
dinâmica.
Em
muitos
casos,
o
tempo
destinado
para
a
produção
de
texto
é
muito
curto,
o
que
faz
com
que
o
texto
fique
truncado
e
sem
muito
sentido,
o
que
decepciona
ainda
mais
os
estudantes.
Por
fim,
temos
a
concepção
mais
aceita
e
adequada
para
o
trabalho
em
sala
de
aula:
a
escrita
como
trabalho.
A
produção
textual
não
é
mais
uma
atividade
sem
sentido
e
inútil,
apenas
para
matar
o
tempo.
Agora
ela
tem
objetivo
e
a
escrita
é
vista
como
um
processo
contínuo
de
ensino/aprendizagem,
que
vem
como
consequência
de
um
trabalho
prévio,
em
que
diversos
elementos
são
discutidos.
Nessa
concepção, o aluno passa pelos quatro processos essenciais, que são
o planejamento (momento de estudo e discussão do gênero discursivo
e tema), produção textual, revisão (volta ao texto, lê as
sinalizações feitas pelo professor e as discute em sala de aula) e
a reescrita.
A
revisão textual é um procedimento que tem por objetivo aprimorar o
texto do aluno, oferecendo condições para que ele alcance os
resultados esperados. A principal vantagem da revisão é o retorno
que o aluno tem por parte do professor, por meio dos apontamentos
feitos e que permitem que o aluno observe quais foram seus acertos e
quais pontos podem ser melhorados.
Entre
os elementos que o aluno pode rever no seu texto, salientamos os
argumentos e ideias e a maneira como eles foram organizados. Devem
ser considerados também os erros ortográficos, mas estes ficam
em segundo plano. O mais importante é fazer com que o texto tenha
sentido tanto para o autor como para o leitor.
Uma
das melhores formas de sinalizar os pontos que precisam de ajuste,
inclusive mencionada no texto, é a prática de deixar bilhetes para
os alunos. Seja ao final do texto, seja no verso da folha, é de
grande relevância que o professor escreva, começando pelo nome do
estudante, um pequeno bilhete destacando os pontos positivos do
texto, as boas ideias, a letra bonita, o capricho com a folha, entre
outros elogios que podem ser pertinentes. É também nesse bilhete
que o professor aponta as falhas do aluno, os trechos que ficaram
confusos, dificuldades na compreensão da letra, ideias soltas e
desvios ortográficos, além de sugestões para melhorias, pois não
basta apenas apontar que existe um problema, é preciso oferecer
soluções.
Depois
que o aluno lê as anotações do professor, é importante que este
esteja à disposição para possíveis questões levantadas pelo
discente. Se houver qualquer dúvida ela deverá ser sanada e o
estudante deve compreender por que determinada palavra ou trecho do
seu texto foi destacado.
É
possível afirmar, portanto, que a atividade de revisão textual é
essencial e deve ser prática constante nas aulas de Língua
Portuguesa, permitindo que os alunos visualizem e reconheçam suas
falhas, criando um espaço para refacção de seus textos.
Referências
BAKHTIN,
M.
Estética
da
criação
verbal.
São
Paulo:
Martins
Fontes,
1997.
MENEGASSI,
R.
J.
A
revisão
de
textos
na
formação
docente
inicial.
In:
GONÇALVES,
A.
V.
(orgs.).
Interação,
gêneros
e
letramento:
a
(re)escrita
em
foco.
Campinas,
SP:
Pontes
Editores,
2013.
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