sábado, 26 de setembro de 2015

A importância de o professor trabalhar com a variação linguística em sala de aula

Por: Andreia Cristiane Masnei

Vivemos em uma sociedade na qual o preconceito linguístico ainda é muito forte e presente, inclusive no ambiente escolar, onde uma super valorização da língua tida como padrão, da classe dominante, e uma desvalorização das demais variedades, utilizadas pelas demais classes sociais. Na condição de educadores, precisamos repensar essa prática e tornar o ensino um lugar menos injusto e mais igualitário, no qual todos tenham os mesmos direitos.

Pensando na importância de trabalhar com a variação linguística nas aulas de Língua Portuguesa e a importância que representa para o aluno, os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa  (PCNs) afirmam que:

A variação é constitutiva das línguas humanas, ocorrendo em todos os níveis. Ela sempre existiu e sempre existirá, independentemente de qualquer ação normativa. Assim, quando se fala em Língua Portuguesa, está se falando de uma unidade que se constitui de muitas variedades. Embora no Brasil haja relativa unidade linguística e apenas uma língua nacional, notam-se diferenças de pronúncia, de emprego de palavras, de morfologia e de construções sintáticas, as quais não somente identificam os falantes de comunidades linguísticas em diferentes regiões, como ainda se multiplicam em uma mesma comunidade de fala (BRASIL, 1998, p. 29).

Com isso, percebe-se que o professor precisa conhecer o fenômeno da variação linguística para trabalhar em um ensino inclusivo, onde não haja preconceito linguístico, pois, como sabemos, a língua não é um produto pronto e acabado, mas sim sujeita a constantes alterações e variações. Afinal, ninguém é igual a ninguém, e por que a língua deveria ser a mesma para todos?

Jesus (2012, p. 8) conclui que “trabalhar a variação linguística, no ensino da língua, não significa o abandono do ensino da norma padrão, pelo contrário a proposta é ampliar o repertório linguístico dos usuários da língua para que todos os seus falantes possam transitar tranquilamente nos momentos de interação.” Nessa mesma linha, Bortoni-Ricardo nos diz que “É papel da escola, portanto, facilitar a ampliação da competência comunicativa dos alunos, permitindo-lhes apropriarem-se dos recursos comunicativos necessários para se desempenharem bem, e com segurança, nas mais distintas tarefas linguísticas.” (BORTONI-RICARDO, 2004, p. 74).

Conforme salientamos, o professor de Língua Portuguesa tem como papel fundamental orientar os alunos sobre a questão das variações linguísticas que estão presentes dentro da sociedade, seja devido ao contexto social, regional, faixa etária, entre outros fatores, mostrando o valor que cada variante representa para a sociedade. Isso não significa que haja um abandono da língua padrão, ao contrário, o objetivo é ampliar a competência linguística do aluno e proporcionar a interação. Entendemos que a língua padrão trará muitos benefícios ao indivíduo e é papel da escola, preconizado nos PCNs, o ensino dessa variedade sem discriminação das demais.

Referências
BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna: a sociolinguística na sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2004

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental: Parâmetros Curriculares Nacionais, terceiro e quatro ciclos do ensino fundamental. Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998.

JESUS, Ariosvaldo Leal de. Variação lingüística e ensino: contribuições da sociolinguística para a sala de aula. ANAIS ELETRÔNICOS III ENILL - Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura. Itabaiana/SE: Vol.03, 2012. Disponível em: http://200.17.141.110/pos/letras/enill/anais_eletronicos/2012/III_ENILL_Ariosvaldo_Leal.pdf . Acesso em 23/09/2015.







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