A dica
de leitura desta semana fez parte de uma das tarefas que nós, bolsistas-PIBID,
realizamos durante o período de férias: efetuamos a leitura e o fichamento de
um importante livro "Preconceito Linguístico" de Marcos Bagno.
Com uma linguagem
bastante clara e direta, o livro “Preconceito Linguístico” pode ser visto como uma grande referência para todos
os interessados pela área da linguagem.
Com a leitura, pode-se
perceber o quão enraizado ainda está o preconceito linguístico, isso fica
bastante explícito nos oito mitos que o autor discute ao longo do livro. Pelo
fato de serem “mitos” já significa que não são afirmações provadas
cientificamente e, neste caso, são afirmações totalmente falsas e
preconceituosas, que não levam em conta nenhum pressuposto da linguística –
ciência da linguagem.
Num primeiro olhar, pode-se
afirmar que os mitos do preconceito linguístico são oriundos do senso comum,
porém, estes mitos são somente alimentados pelo senso comum e, ao analisar mais profundamente a questão, é fácil perceber que há um interesse
por detrás destes mitos, ou seja, está, camufladamente, enraizada uma questão
linguístico-ideológica, vinculada à manutenção do discurso do poder, que está
nas mãos da classe alta brasileira.
É de grande importância o
conhecimento do "círculo vicioso do preconceito linguístico" também exposto no
livro: a gramática tradicional inspirando o ensino, que irá reger a indústria
do livro didático, em que os autores utilizam a gramática tradicional como
referência para as suas concepções linguísticas. E assim o círculo se forma e
se fecha...
Além desse círculo, outros
meios também acabam cultuando o preconceito linguístico, por exemplo,
percebe-se que a maioria das pessoas são guiadas pelo discurso midiático, que
não deixa de ser um grande formador de opinião. Para manter estes mitos, a
ideia é bastante lógica: a mídia está aliada com a classe alta, que quer manter
o discurso do poder, ora, para manter o discurso do poder recorre-se à
gramática e à ideia de falar “corretamente”, de “não errar mais”. Sabemos que a
mídia tem uma forte influência sobre os indivíduos, além disso, a mídia
trabalha com o discurso pronto e passa às pessoas a noção de que o discurso
precisa ser formal. Um exemplo disso é que, em pesquisas realizadas, os
brasileiros elegeram o Jornal Nacional (Rede Globo de televisão) como o modelo
de fala e escrita dos brasileiros. Logo, tendo esse modelo, isto acaba
influenciado o ensino, visto que, se o professor não tiver o conhecimento de
variações linguísticas, de contexto, de múltiplas interpretações, também
acabará convencido pela mídia e, posteriormente, influenciará seus alunos a
pensar a língua como um modelo estanque, “correto”, que não admite variações, uma vez
que o professor é também um formador de opinião.
Assim, é preciso lutar
para a desconstrução dos preconceitos linguísticos, pois uma língua pertence aos seus falantes e não é contra eles, como pode-se perceber ao longo dos
mitos discutidos no livro. Aqui, entram em cena os linguistas que precisam ser
ouvidos, pois são estudiosos com grande embasamento teórico e científico.
Enfim, a leitura de BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 1999 é bastante esclarecedora e uma boa maneira de
extinguir, ou ao menos minimizar, os misticismos que assombram a nossa língua.
Boa leitura!
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