sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Dica de Leitura

                                          Você sabe o que é Peconceito Linguístico?

          A dica de leitura desta semana fez parte de uma das tarefas que nós, bolsistas-PIBID, realizamos durante o período de férias: efetuamos a leitura e o fichamento de um importante livro "Preconceito Linguístico" de Marcos Bagno.
Com uma linguagem bastante clara e direta, o livro “Preconceito Linguístico” pode ser visto como uma grande referência para todos os interessados pela área da linguagem. 
Com a leitura, pode-se perceber o quão enraizado ainda está o preconceito linguístico, isso fica bastante explícito nos oito mitos que o autor discute ao longo do livro. Pelo fato de serem “mitos” já significa que não são afirmações provadas cientificamente e, neste caso, são afirmações totalmente falsas e preconceituosas, que não levam em conta nenhum pressuposto da linguística – ciência da linguagem.
Num primeiro olhar, pode-se afirmar que os mitos do preconceito linguístico são oriundos do senso comum, porém, estes mitos são somente alimentados pelo senso comum e, ao analisar mais profundamente a questão, é fácil perceber que há um interesse por detrás destes mitos, ou seja, está, camufladamente, enraizada uma questão linguístico-ideológica, vinculada à manutenção do discurso do poder, que está nas mãos da classe alta brasileira.
É de grande importância o conhecimento do "círculo vicioso do preconceito linguístico" também exposto no livro: a gramática tradicional inspirando o ensino, que irá reger a indústria do livro didático, em que os autores utilizam a gramática tradicional como referência para as suas concepções linguísticas. E assim o círculo se forma e se fecha...
Além desse círculo, outros meios também acabam cultuando o preconceito linguístico, por exemplo, percebe-se que a maioria das pessoas são guiadas pelo discurso midiático, que não deixa de ser um grande formador de opinião. Para manter estes mitos, a ideia é bastante lógica: a mídia está aliada com a classe alta, que quer manter o discurso do poder, ora, para manter o discurso do poder recorre-se à gramática e à ideia de falar “corretamente”, de “não errar mais”. Sabemos que a mídia tem uma forte influência sobre os indivíduos, além disso, a mídia trabalha com o discurso pronto e passa às pessoas a noção de que o discurso precisa ser formal. Um exemplo disso é que, em pesquisas realizadas, os brasileiros elegeram o Jornal Nacional (Rede Globo de televisão) como o modelo de fala e escrita dos brasileiros. Logo, tendo esse modelo, isto acaba influenciado o ensino, visto que, se o professor não tiver o conhecimento de variações linguísticas, de contexto, de múltiplas interpretações, também acabará convencido pela mídia e, posteriormente, influenciará seus alunos a pensar a língua como um modelo estanque, “correto”, que não admite variações, uma vez que o professor é também um formador de opinião.
Assim, é preciso lutar para a desconstrução dos preconceitos linguísticos, pois uma língua pertence aos seus falantes e não é contra eles, como pode-se perceber ao longo dos mitos discutidos no livro. Aqui, entram em cena os linguistas que precisam ser ouvidos, pois são estudiosos com grande embasamento teórico e científico.
Enfim, a leitura de BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 1999 é bastante esclarecedora e uma boa maneira de extinguir, ou ao menos minimizar, os misticismos que assombram a nossa língua.
Boa leitura!

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