Um dos
eixos do ensino de Língua Portuguesa está pautado na produção escrita.
Como solicitar uma produção escrita para seus alunos, professor?
Antes de mais nada, é necessário destacar que a concepção que o professor tem sobre o que
é escrever e como escrever implicará na maneira como este
professor irá proceder o ensino de produção escrita e em como o aluno vai entender o que é e como escrever seu texto.
Segundo
Antunes (2003), o trabalho com a escrita, na escola, tendo por base a concepção
tradicional, não considera o papel do aluno na condição de sujeito do que escreve e
do que diz. Além disso, a escrita é entendida como sendo mecânica, para reproduzir
sinais gráficos e verificar se houve a memorização e aprendizado das regras de
ortografia, observando se não ocorreram erros ortográficos, que são, na maioria
dos casos, os únicos aspectos corrigidos nas produções escritas dos alunos pelo
professor.
Na visão
tradicional em relação à produção escrita (ou como é mais conhecida: a redação)
trabalha-se com uma escrita artificial, sem ligação com um determinado
contexto, fazendo o aluno escrever uma redação sem função e finalidades, sem
interlocutor, sem contexto, sem interação, sem condição de produção, concebendo
o texto apenas como um espaço para palavras e frases soltas. Neste caso, o
aluno escreve porque lhe pediram para escrever, sem nenhum porquê, é a redação
do tipo “Minhas férias”. Assim, o aluno escreverá somente para o professor,
visando alcançar uma nota. Portanto, vemos uma escrita sem planejamento,
totalmente improvisada e sem vinculação com a prática. Além disso, a correção do professor muita vezes é esta: passa os olhos na folha, coloca um “V” de visto e encerra a atividade
de escrita desta forma.
Veremos
agora a produção escrita pelo viés interacionista, que é o indicado pelos
documentos oficiais de ensino:
A
concepção interacionista, segundo Antunes (2003), concebe a escrita sob o
prisma da interação, da relação entre sujeitos e dos diálogos que surgem desta
relação. Assim, toda escrita pressupõe um interlocutor, um alguém para
estabelecer a interação e para dividir o momento da escrita, ainda que, na
escola, este outro alguém seja fictício, mas é de grande relevância a sua
presença nas produções textuais dos alunos.
O
professor deve fazer o aluno compreender que se escreve para cumprir uma função
comunicativa, isto é, a escrita tem um porquê. E, assim, há uma diversidade de
textos circulando socialmente, os gêneros discursivos.
Escrever
também implica em etapas:
1ª.
planejar (“ter o que dizer”): pesquisar sobre o tema, estipular objetivo, o
gênero, organizar ideias, pensar no leitor do texto;
2ª. operar/escrever: por as ideias no papel,
escolher palavras, estrutura das frases, pontuação, coerência, coesão;
3ª. reescrever: fazer uma autoavaliação, revisar o que foi escrito, melhorar as
ideias, rever conteúdo e forma, é neste processo que se visualizam adequações
textuais que levam a melhorias da escrita. Contudo, nem sempre a reescrita é
trabalhada no espaço escolar.
Assim, na abordagem interacionista o aluno é sujeito
do que escreve; os textos trabalhados são diversificados e têm funções sociais;
há interlocutores; há um contexto para a escrita; há a presença das etapas de
planejamento, escrita e revisão; há a preocupação com o conteúdo, forma e
coerência global, resultando, enfim, em melhorias relacionadas à produção
escrita.
Nas aulas
realizadas por nós, professores em formação pelo PIBID, buscamos sempre
trabalhar com produções escritas (pautadas na concepção interacionista) com os
alunos. Estas produções são realizadas após um período de leituras com os
alunos, de debates, de conhecimento da temática e do gênero a ser produzido.
Referência
ANTUNES, Irandé. Aula
de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.
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