sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Oralidade e preconceito linguístico: discussão da variação linguística com alunos do ensino fundamental

Por Rosana Taís Rossa

        Todos sabemos que é incumbência do professor de língua materna explorar as capacidades linguísticas dos alunos, deixando sempre claro que pequenos desvios na produção de alguns sons ou na troca de algumas letras (na escrita) são aceitáveis, já que não existe uma discrepância tão grande entre a “norma” e as produções frequentemente realizadas pelos alunos. Marcos Bagno (2007 p. 125) nos esclarece que nossa concepção de “erro” é equivocada, pois “é preciso ter sempre em mente que tudo aquilo que é considerado erro ou desvio pela gramática tradicional tem uma explicação lógica, cientifica, perfeitamente demonstrável”.
      Nas atividades desenvolvidas no PIBID, procuramos abarcar esses ensinamentos e trabalhar a oralidade de forma efetiva, pois entendemos que na atividade oral o aluno é levado a exercitar sua capacidade dialógica, já que  quando é solicitado a ler um texto, a declamar uma poesia ou a participar de uma dramatização, ele terá obviamente que se valer da fala, percebendo que a sala de aula não é um espaço que apenas dita regras, mas sim um ambiente que aceita as variações e mostra seus contextos de uso.
        Desenvolvendo atividades orais com indivíduos com idades entre 13 e 15 anos, pudemos perceber que, acima de tudo, o que esse público almeja é oportunidade de se expressar, manifestar suas opiniões e revoltas. 
Utilizamos duas crônicas de Luís Fernando Veríssimo, “Aprenda a chamar a polícia” e “O Brasil explicado em galinhas”. Por intermédio dessas crônicas trouxemos para a sala de aula atividades como debates, dramatizações e encenações. Trouxemos também alguns tópicos para discussão e, embora a turma fosse formada de pré-adolescentes, o debate foi bastante produtivo. Obtivemos os resultados esperados, que eram propor uma leitura crítica sobre um tema atual, demonstrar a flexibilidade da língua e instaurar o respeito por todas as formas de falar presentes em nosso dia a dia. 
Ao longo do desenvolvimento das atividades propostas, pudemos observar que uma grande dificuldade dos professores é, justamente, levar práticas orais para a sala de aula e desenvolver projetos que atraiam a atenção do aluno para a leitura e a escrita. Com essa experiência, vivenciamos o aumento da nossa percepção de como utilizar o trabalho em sala para explorar as capacidades dialógicas dos nossos alunos. O coroamento desse trabalho deu-se com a certeza de que obtivemos sucesso em nossas práticas de leitura, de discussão, de exploração da oralidade e com a conscientização de que com preparação, empenho e utilização de materiais adequados, pode-se abordar os mais variados temas e tornar as aulas de português mais atraentes e produtivas nas turmas de ensino fundamental. 

Referências: 
BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico: o que é, como se faz. São Paulo: Edições Loyola, 2007.

LABOV, W. Padrões Sociolingüísticos. Tradução de Marcos Bagno; Maria Marta Pereira Scherre e Caroline Cardoso. São Paulo: Parábola, 2008.

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