São inúmeros os temas
que podem servir de base para uma aula ou um conjunto de aulas. Dentre eles,
uma esfera sempre propícia para discussões críticas é a social, ou seja, fazer
o estudante refletir acerca do mundo real, preocupar-se com ele e pensar
alternativas para transformá-lo.
A seguir,
disponibilizamos algumas aulas com a temática social: o trabalho – quase
escravo – na cana-de-açúcar.
A aula pode ser
iniciada com a discussão desta imagem, utilizando questões como “O que vocês
visualizam nesta imagem? Quais as características do homem que está realizando
este trabalho? Em sua opinião, por que a imagem está em branco e preto? Qual a
sensação que a imagem traz para vocês?”
IMAGEM I: 750×563 - Cortador
de cana. Foto de Rubens T. Carvalho
(Disponível em:<http://br.olhares.com/cortador_de_cana_foto814090.html>
acesso em 10 jun/2011)
Em seguida, apresentar
aos alunos o poema:
O açúcar (Ferreira
Gullar)
O branco açúcar
que adoçará meu café
nesta manhã de
Ipanema
não foi
produzido por mim
nem surgiu
dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afável ao
paladar
como beijo de
moça, água
na pele, flor
que se dissolve
na boca. Mas este açúcar
não foi feito
por mim.
Este açúcar veio
da mercearia da
esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de
açúcar em Pernambuco
ou no Estado do
Rio
e tampouco o fez
o dono da usina.
Este açúcar era
cana
e veio dos
canaviais extensos
que não nascem
por acaso
no regaço do
vale.
Em lugares
distantes, onde não há hospital
nem escola,
homens que não
sabem ler e morrem de fome
aos 27 anos
plantaram e
colheram a cana
que viraria
açúcar.
Em usinas
escuras,
homens de vida
amarga
e dura
produziram este
açúcar
branco e puro
com que adoço
meu café esta manhã em Ipanema.
(Ferreira
Gullar. Toda poesia. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1980, p.227-228)
Após
a leitura, observar que quase não há pontuação (forma); notar se há ou não rimas
(forma); imaginar o eu-lírico da poesia (conteúdo); associar a compreensão da
poesia para a realidade brasileira dos cortadores de cana (conteúdo). Poderão,
ainda, ser trabalhadas questões de compreensão e interpretação do poema.
Depois do poema,
apresentar o texto abaixo:
“O gosto amargo da
cana-de-açúcar”, de João Ripper
Volta e meia, o suor
fica vermelho quando a folha da cana corta a pele infantil. Sorte da criança: a
dor faz parte do ofício, ela se acostuma. Pior é quando a foice escapa e fere.
Aí, dói muito, o corte é profundo e às vezes mutila. Se isso ocorre, a criança
perde parte do corpo e perde também o emprego.
Quando a criança pode
crescer canavieira, quase sempre sofre de desnutrição e excesso de cansaço
físico. Muitas vezes adquire hipertrofia cardíaca, artrose e enfisema pulmonar.
Após 12 anos de profissão, um canavieiro pode ficar inutilizado para o mercado
de trabalho. Para cada adulto existe uma criamnça ou adolescente trabalhando
nos canaviais brasileiros. (Revista Sem
Fronteiras. São Paulo, Editora Alô mundo, mar/1996. n. 238. p. 15. Internet)
Para dar sequência à aula poderá ser realizada uma pesquisa por parte dos alunos, por exemplo:
pesquisar acerca do trabalho infantil nos canaviais; como se dá o processo de
produção de açúcar; as condições de vida dos trabalhadores dos canaviais, entre outras possibilidades.
Enfim, esta é uma
sugestão que pode gerar ótimas discussões com os alunos!
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