sexta-feira, 21 de novembro de 2014

OS GÊNEROS DISCURSIVOS E AS TIPOLOGIAS TEXTUAIS EM SALA DE AULA

Por: Ana Caroline dos Santos

Para um ensino produtivo de língua portuguesa, que verdadeiramente propicie a inserção de sujeitos críticos na sociedade, é fundamental que o trabalho seja desenvolvido em torno do texto. Conforme a função à qual se destina, o texto enquadra-se em uma certa modalidade de gênero textual ou discursivo.
Os gêneros discursivos, consoante as DCEs do Paraná (2008), são tipos relativamente estáveis de enunciados, que são adquiridos em processos de interação. Portanto, seu estudo não pode ser apenas fadado aos aspectos formais. Vale ressaltar que são os grupos sociais que criam esses gêneros e os utilizam com a finalidade de comunicar, persuadir, informar, agir sobre o interlocutor, entre outros.
Os conhecimentos adquiridos por meio de pesquisas acadêmicas mostram que os gêneros são uma alternativa adequada para trabalhar as diferentes manifestações da linguagem na sociedade. Ao tomar um gênero para o estudo em sala de aula, o professor pode proporcionar a leitura crítica e a produção de textos, bem como refletir sobre a estrutura do gênero e encaminhar atividades quanto à análise linguística.
No entanto, a realidade escolar está muitas vezes distante das mais inovadoras concepções como a dos gêneros discursivos. O contrário dessa alternativa é produzir textos para obter nota e ter como único interlocutor: o professor, que muitas vezes não retorna a produção textual para uma posterior reescrita. Os estudantes dos ensinos Fundamental e Médio são, na maioria das vezes, conduzidos a produzir blocos fechados de texto que não terão circulação social. Esses blocos são as tipologias textuais que podem ser: descritiva, narrativa, expositiva, argumentativa e injuntiva. Enfatizamos que, em algumas escolas, os discentes são guiados a acreditar que não existe uma interferência de uma tipologia na outra e que os estudantes devem produzir textos apenas narrativos ou apenas descritivos, por exemplo.
Outro dado é que mesmo um único gênero discursivo apresenta várias tipologias textuais, com predomínio de uma. Em um anúncio publicitário de um carro, por exemplo, podemos encontrar a tipologia expositiva, que mostra a imagem que a empresa quer passar do produto; a tipologia injuntiva, em que o predomínio de verbos no imperativo, como compr[e], us[e], experiment[e], que podem indicar uma ordem ou conselho ao consumidor; a tipologia argumentativa, que tenta convencer o sujeito de que aquele produto é muito bom e por isso deve ser consumido. Ressaltamos que essas tipologias estão imbricadas com uma finalidade específica: convencer o público-alvo a comprar o carro.
entre os gêneros e as tipologias textuais, conforme aponta Marcuschi (2008) (apud Greco, 2010), uma ligação de complemento e reunião. Lembramos também que os gêneros discursivos são utilizados no cotidiano e surgem da necessidade social. E as tipologias também podem apresentar características de gênero porque circulam no ambiente escolar, porém apresentam características fechadas e, como destaca Greco (2010), elas compõem internamente o gênero discursivo que são umamisturade tipologias.
Os gêneros discursivos são determinados pelas necessidades sociais de interação; por isso é importante que seja trabalhada essa perspectiva com os alunos, para que eles percebam que um texto sempre apresenta autor, objetivo, finalidade, conteúdo temático, público-alvo, estrutura composicional e estilo.

Referências
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica Língua Portuguesa. Curitiba: SEED, 2008.
GRECO, Eliana Alves. Gêneros Discursivos e Tipologias Textuais. In: SANTOS, Annie Rose dos; GRECO, Eliane Alves; GUIMARÃES, Tânia Braga (orgs.). A produção textual e o ensino. Maringá: Eduem, 2010. 


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