sábado, 6 de dezembro de 2014

Ensino de ortografia

Por: Elizandra Feld

Base teórica principal:
ROMUALDO, E. C.; CEZAR, K. P. L. Ortografia nas séries iniciais do ensino fundamental. In: SANTOS, A. R. dos; ROMUALDO, E. C.; RITTER, L. C. B. Letramento e escrita. Maringá: Eduem, 2010.


Sem sombra de dúvidas, o textoOrtografia nas séries iniciais do ensino fundamental, de Romualdo e Cezar (2010), é de grande relevância para o professor de Língua Portuguesa em formação, visto que aborda o tema de forma ampla, exemplificando como se pode trabalhar ortografia em sala de aula.
Dentre tantas coisas importantes ressaltadas no texto, uma delas é a forma como o professor de Língua Portuguesa está dirigindo o ensino de ortografia em sala de aula, ou seja, muitas vezes o professor supervaloriza o erro ou não a devida atenção a esses erros, o que também é um problema. vem a questão: como equilibrar?
De acordo com Morais (2003), citado por Romualdo e Cezar (2010), os erros ortográficos funcionam como fonte de discriminação na sala de aula, que muitos professores confundem o desempenho textual do aluno com o seu rendimento ortográfico. Tal fato corrobora para que nasça o preconceito contra alguns usuários da Língua Portuguesa, pois os inteligentes escrevem bem.
Além disso, o conhecimento ortográfico, segundo os autores, é algo que o aluno não pode descobrir por si mesmo, sem o auxílio e a intervenção do professor de Português. Assim, cabe ao professor conduzir o aluno nessa descoberta, visto que a abordagem da ortografia não deve ser simples memorização de regras, mas sim um trabalho de reflexão que envolve professor e alunos.
Partindo do significado de ortografiaa palavra ortografia vem do grego ortographia (ortho = correta, graphia = escrita, logo escrita correta). De acordo com Cagliari (2009), apud Cezar e Romualdo (2010), uma das funções da escrita é permitir a leitura. Além disso, a escrita é a representação gráfica que define a unidade básica, a palavra.
Outra utilidade da ortografia é o de neutralizar a variação linguística. As línguas variam devido ao processo dinâmico de transformação; a escrita por outro lado, é um meio permanente de registro da fala, ou seja, embora as palavras variem na fala, na escrita são invariáveis, isto é, constituem sempre a mesma grafia. Ademais, a escrita poderia perder-se caso se adaptasse à fala de cada falante.
De acordo com os PCNs (BRASIL, 1997), a intervenção pedagógica na aprendizagem da ortografia tem muito a contribuir, pois ainda que exista um forte apelo à memorização, esse aprendizado não é um processo passivo, mas uma construção individual. Para tanto, é preciso distinguir o que é produtivo do que é reprodutivo, ou seja, no primeiro é possível identificar as regularidades do sistema ortográfico. Assim, o professor deve fazer com que os alunos explicitem suas suposições de como se escrevem as palavras, refletindo sobre possíveis alternativas de grafia.
Cabe ao professor, também, direcionar o aluno a determinar as regras da escrita das palavras, de forma a abrir espaço para que reflita acerca das suas suposições de como se escrevem as palavras. Além disso, o fato de a criança conhecer a palavra oralmente não garante que ela tenha a mesma facilidade para escrevê-la.
Outro ponto interessante a ressaltar é o fato de existirem regularidades e irregularidades na ortografia. Partindo do pressuposto de que os erros ortográficos possuem naturezas diferentes, algumas regras os alunos precisam memorizar, outras simplesmente compreender (MORAIS, 2003; ROMUALDO e CEZAR, 2010).
Dentre o quadro das regularidades, podemos considerar três grupos: as diretas, as contextuais e as morfológico-gramaticais. As regularidades diretas consistem no grupo das relações em que não existe outra letra competindo para grafar determinado som, por exemplo, /p/, /b/, /t/, /d/ etc.
Nas regularidades contextuais, a palavra é o contexto que vai determinar qual letra ou dígrafo deverá ser usado. Por exemplo, R ou RR em palavras comorato,porta,honra,prato,guerra. Ou ainda, o uso do G ou GU em palavras comogaroto,guerra.
E, por fim, as regularidades morfológico-gramaticais que são aquelas ligadas a aspectos da categoria gramatical da palavra. Nessa se adotam regras específicas para cada classe gramatical, por exemplo: por que escrevoportuguesaefrancesacom /s/ e não com /z/? Utilizamos /esa/ por se tratar de adjetivos que indicam origem ou procedência, o /eza/ indica substantivos abstratos a parir de adjetivos, por exemplo,certo” – “certeza;belo” – “belezaetc. No caso dos verbos, marca-se pelas desinências, por exemplo, brincasse/ partisse indicados pelo pretérito perfeito do modo subjuntivo.
Contudo, não se deve exigir que os alunos memorizem as nomenclaturas das classes gramaticais, mas sim o uso das regras. A nomenclatura gramatical pode ser introduzida pelo professor aos poucos, que deve, também, fazer com que o aluno reflita sobre a regularidade. Cabe ressaltar que as estratégias didático-pedagógicas variam de acordo com a turma. Assim, o que pode dar certo numa, pode não dar certo em outra.
Além disso, para as regularidades existem regras que norteiam a abordagem, quanto às irregularidades não existem regras que facilitem o trabalho para o aprendiz, que deverá consultar dicionários, gramáticas e, principalmente, fazer uso da memória.
Para Morais (2003), citado por Cezar e Romualdo (2010), existem três princípios gerais que guiam o trabalho didático com ortografia:
IA criança necessita conviver com modelos nos quais apareça a norma ortográfica; precisa ter um grande convívio com materiais impressos.
Partindo desse pressuposto, é necessário que os alunos tenham contato com modelos de textos que sejam ricos em forma de escrita, a fim de internalizar as regras. O contato com textos bem escritos é de extrema importância, contudo, a exposição ao material não garante o aprendizado da ortografia.
II – O professor precisa promover situações de ensino-aprendizagem que levem à explicitação dos conhecimentos infantis sobre a ortografia.
O professor precisa levar em consideração o conhecimento que o aluno possui. Deve, assim, propor atividades de reflexão ao invés de atividades de memorização.
III – O professor precisa definir metas ou expectativas para o rendimento ortográfico de seus alunos ao longo da escolaridade.
Morais (2003) lança três questões, que procura responder:

Quando começar a ensinar ortografia?



De acordo com o autor, deve-se ensinar ortografia a partir do momento que a criança estiver compreendendo o sistema de escrita alfabética. Para isso, o professor precisa compreender que nessa fase erros aparecerão e que devem ser tratados como algo natural. E é preciso estimular a curiosidade das crianças sobre a ortografia e discutir o tema.
Que metas estabelecer para cada turma, para cada série?
De acordo com Morais (2003), o estabelecimento das metas feitas pelo professor deve partir da formulação de sondagens, isto é, realizar um diagnóstico prévio com a turma para saber quais são as principais dificuldades dos alunos.
Como sequenciar o ensino de ortografia?
Depois do domínio da base alfabética, a tendência é a de que os alunos apresentem mais dúvidas em relação às regras do tipo contextual (R ou RR; G ou GU). Nas irregularidades, a dúvida sempre paira em qualquer fase, sendo assim, precisam ser memorizadas. Ademais, a reflexão acerca da ortografia deve estar presente em todos os momentos da escrita e, não somente, nas atividades ortográficas.
Depois de tantas contribuições para o ensino de ortografia exposto pelos autores no texto, podemos compreender a importância desta abordagem no ensino de Língua Portuguesa, bem como a postura que deve ser adotada pelo professor e o seu papel que exige muita responsabilidade, ou seja, não cabe a ele somente apontar o erro do aluno, mas também direcionar esse aluno para que reflita acerca de seus erros e possa não somente memorizar as regras, mas sim compreendê-las. É esta a postura que seguimos no PIBID-Português da UNICENTRO/Irati.


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