Base
teórica principal:
ROMUALDO,
E.
C.;
CEZAR,
K.
P.
L.
Ortografia
nas
séries
iniciais
do
ensino
fundamental.
In:
SANTOS,
A.
R.
dos;
ROMUALDO,
E.
C.;
RITTER,
L.
C.
B.
Letramento
e
escrita.
Maringá:
Eduem,
2010.
Sem
sombra
de
dúvidas,
o
texto
“Ortografia
nas
séries
iniciais
do
ensino
fundamental”,
de
Romualdo
e
Cezar
(2010),
é
de
grande
relevância
para
o
professor
de
Língua
Portuguesa
em
formação,
visto
que
aborda
o
tema
de
forma
ampla,
exemplificando
como
se
pode
trabalhar
ortografia
em
sala
de
aula.
Dentre
tantas
coisas
importantes
ressaltadas
no
texto,
uma
delas
é
a
forma
como
o
professor
de
Língua
Portuguesa
está
dirigindo
o
ensino
de
ortografia
em
sala
de
aula,
ou
seja,
muitas
vezes
o
professor
supervaloriza
o
erro
ou
não
dá
a
devida
atenção
a
esses
erros,
o
que
também
é
um
problema.
Aí
vem
a
questão:
como
equilibrar?
De
acordo
com
Morais
(2003),
citado
por
Romualdo
e
Cezar
(2010),
os
erros
ortográficos
funcionam
como
fonte
de
discriminação
na
sala
de
aula,
já
que
muitos
professores
confundem
o
desempenho
textual
do
aluno
com
o
seu
rendimento
ortográfico.
Tal
fato
corrobora
para
que
nasça
o
preconceito
contra
alguns
usuários
da
Língua
Portuguesa,
pois
“só
os
inteligentes
escrevem
bem”.
Além
disso,
o
conhecimento
ortográfico,
segundo
os
autores,
é
algo
que
o
aluno
não
pode
descobrir
por
si
mesmo,
sem
o
auxílio
e
a
intervenção
do
professor
de
Português.
Assim,
cabe
ao
professor
conduzir
o
aluno
nessa
descoberta,
visto
que
a
abordagem
da
ortografia
não
deve
ser
simples
memorização
de
regras,
mas
sim
um
trabalho
de
reflexão
que
envolve
professor
e
alunos.
Partindo
do
significado
de
ortografia
– a
palavra
ortografia
vem
do
grego
ortographia
(ortho
=
correta,
graphia
=
escrita,
logo
escrita
correta).
De
acordo
com
Cagliari
(2009),
apud
Cezar
e
Romualdo
(2010),
uma
das
funções
da
escrita
é
permitir
a
leitura.
Além
disso,
a
escrita
é
a
representação
gráfica
que
define
a
unidade
básica, a
palavra.
Outra
utilidade
da
ortografia
é
o
de
neutralizar
a
variação
linguística.
As
línguas
variam
devido
ao
processo
dinâmico
de
transformação;
a
escrita
por
outro
lado,
é
um
meio
permanente
de
registro
da
fala,
ou
seja,
embora
as
palavras
variem
na
fala,
na
escrita
são
invariáveis,
isto
é,
constituem
sempre
a
mesma
grafia.
Ademais,
a
escrita
poderia
perder-se
caso
se
adaptasse
à
fala
de
cada
falante.
De
acordo
com
os
PCNs
(BRASIL,
1997),
a
intervenção
pedagógica
na
aprendizagem
da
ortografia
tem
muito
a
contribuir,
pois
ainda
que
exista
um
forte
apelo
à
memorização,
esse
aprendizado
não
é
um
processo
passivo,
mas
uma
construção
individual.
Para
tanto,
é
preciso
distinguir
o
que
é
produtivo
do
que
é
reprodutivo,
ou
seja,
no
primeiro
é
possível
identificar
as
regularidades
do
sistema
ortográfico.
Assim,
o
professor
deve
fazer
com
que
os
alunos
explicitem
suas
suposições
de
como
se
escrevem
as
palavras,
refletindo
sobre
possíveis
alternativas
de
grafia.
Cabe
ao
professor,
também,
direcionar
o
aluno
a
determinar
as
regras
da
escrita
das
palavras,
de
forma
a
abrir
espaço
para
que
reflita
acerca
das
suas
suposições
de
como
se
escrevem
as
palavras.
Além
disso,
o
fato
de
a
criança
conhecer
a
palavra
oralmente
não
garante
que
ela
tenha
a
mesma
facilidade
para
escrevê-la.
Outro
ponto
interessante
a
ressaltar
é
o
fato
de
existirem
regularidades
e
irregularidades
na
ortografia.
Partindo
do
pressuposto
de
que
os
erros
ortográficos
possuem
naturezas
diferentes,
algumas
regras
os
alunos
precisam
memorizar,
outras
simplesmente
compreender
(MORAIS,
2003;
ROMUALDO
e
CEZAR,
2010).
Dentre
o
quadro
das
regularidades,
podemos
considerar
três
grupos:
as
diretas,
as
contextuais
e
as
morfológico-gramaticais.
As
regularidades
diretas
consistem
no
grupo
das
relações
em
que
não
existe
outra
letra
competindo
para
grafar
determinado
som,
por
exemplo,
/p/,
/b/,
/t/,
/d/
etc.
Nas
regularidades
contextuais,
a
palavra
é
o
contexto
que
vai
determinar
qual
letra
ou
dígrafo
deverá
ser
usado.
Por
exemplo,
R
ou
RR
em
palavras
como
“rato”,
“porta”,
“honra”,
“prato”,
“guerra”.
Ou
ainda,
o
uso
do
G
ou
GU
em
palavras
como
“garoto”,
“guerra”.
E,
por
fim,
as
regularidades
morfológico-gramaticais
que
são
aquelas
ligadas
a
aspectos
da
categoria
gramatical
da
palavra.
Nessa
se
adotam
regras
específicas
para
cada
classe
gramatical,
por
exemplo:
por
que
escrevo
“portuguesa”
e
“francesa”
com
/s/
e
não
com
/z/?
Utilizamos
/esa/
por
se
tratar
de
adjetivos
que
indicam
origem
ou
procedência,
já
o
/eza/
indica
substantivos
abstratos
a
parir
de
adjetivos,
por
exemplo,
“certo”
– “certeza”;
“belo”
– “beleza”
etc.
No
caso
dos
verbos,
marca-se
pelas
desinências,
por
exemplo,
brincasse/
partisse
indicados
pelo
pretérito
perfeito
do
modo
subjuntivo.
Contudo,
não
se
deve
exigir
que
os
alunos
memorizem
as
nomenclaturas
das
classes
gramaticais,
mas
sim
o
uso
das
regras.
A
nomenclatura
gramatical
pode
ser
introduzida
pelo
professor
aos
poucos,
que
deve,
também,
fazer
com
que
o
aluno
reflita
sobre
a
regularidade.
Cabe
ressaltar
que
as
estratégias
didático-pedagógicas
variam
de
acordo
com
a
turma.
Assim,
o
que
pode
dar
certo
numa,
pode
não
dar
certo em outra.
Além
disso,
para
as
regularidades
existem
regras
que
norteiam
a
abordagem,
quanto
às
irregularidades
não
existem
regras
que
facilitem
o
trabalho
para
o
aprendiz,
que
deverá
consultar
dicionários,
gramáticas
e,
principalmente,
fazer
uso
da
memória.
Para
Morais
(2003),
citado
por
Cezar
e
Romualdo
(2010),
existem
três
princípios
gerais
que
guiam
o
trabalho
didático
com
ortografia:
I
– A
criança
necessita
conviver
com
modelos
nos
quais
apareça
a
norma
ortográfica;
precisa
ter
um
grande
convívio
com
materiais
impressos.
Partindo
desse
pressuposto,
é
necessário
que
os
alunos
tenham
contato
com
modelos
de
textos
que
sejam
ricos
em
forma
de
escrita,
a
fim
de
internalizar
as
regras.
O
contato
com
textos
bem
escritos
é
de
extrema
importância,
contudo,
só
a
exposição
ao
material
não
garante
o
aprendizado
da
ortografia.
II
– O professor precisa promover situações de ensino-aprendizagem
que levem à explicitação dos conhecimentos infantis sobre a
ortografia.
O
professor
precisa
levar
em
consideração
o
conhecimento
que
o
aluno
já
possui.
Deve,
assim,
propor
atividades
de
reflexão
ao
invés
de
atividades
de
memorização.
III
– O professor precisa definir metas ou expectativas para o
rendimento ortográfico de seus alunos ao longo da escolaridade.
Morais
(2003) lança três questões, que procura responder:
Quando
começar a ensinar ortografia?
De
acordo
com
o
autor,
deve-se
ensinar
ortografia
a
partir
do
momento
que
a
criança
estiver
compreendendo
o
sistema
de
escrita
alfabética.
Para
isso,
o
professor
precisa
compreender
que
nessa
fase
erros
aparecerão
e
que
devem
ser
tratados
como
algo
natural.
E
é
preciso
estimular
a
curiosidade
das
crianças
sobre
a
ortografia
e
discutir
o
tema.
Que
metas estabelecer para cada turma, para cada série?
De
acordo
com
Morais
(2003),
o
estabelecimento
das
metas
feitas
pelo
professor
deve
partir
da
formulação
de
sondagens,
isto
é,
realizar
um
diagnóstico
prévio
com
a
turma
para
saber
quais
são
as
principais
dificuldades
dos
alunos.
Como
sequenciar o ensino de ortografia?
Depois
do
domínio
da
base
alfabética,
a
tendência
é
a
de
que
os
alunos
apresentem
mais
dúvidas
em
relação
às
regras
do
tipo
contextual
(R
ou
RR;
G
ou
GU).
Nas
irregularidades,
a
dúvida
sempre
paira
em
qualquer
fase,
sendo
assim,
precisam
ser
memorizadas.
Ademais,
a
reflexão
acerca
da
ortografia
deve
estar
presente
em
todos
os
momentos
da
escrita
e,
não
somente,
nas
atividades
ortográficas.
Depois
de
tantas
contribuições
para
o
ensino
de
ortografia
exposto
pelos
autores
no
texto,
podemos
compreender
a
importância
desta
abordagem
no
ensino
de
Língua
Portuguesa,
bem
como
a
postura
que
deve
ser
adotada
pelo
professor
e
o
seu
papel
que
exige
muita
responsabilidade,
ou
seja,
não
cabe
a
ele
somente
apontar
o
erro
do
aluno,
mas
também
direcionar
esse
aluno
para
que
reflita
acerca
de
seus
erros
e
possa
não
somente
memorizar
as
regras,
mas
sim
compreendê-las. É esta a postura que seguimos no PIBID-Português da UNICENTRO/Irati.
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