sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

O desafio de ensinar a ler

Por: Franciane Lava

Nossos alunos vão à escola para desenvolver todos os conhecimentos possíveis para seu futuro profissional, inclusive para aprender a ler e, sobretudo, a gostar de ler.   Mas como a leitura está sendo trabalhada pelos professores de português?

A todo momento nossos alunos estão lendo, mas infelizmente são poucos os que leem o texto literário. Alguns professores jogam pilhas de livros para seus alunos que vão procurar resumos e resenhas e não realizam a leitura do texto na íntegra. Esse é um problema muito sério, pois grande parte dos alunos não têm hábitos leitores em casa, raras são as exceções, ficando esse um compromisso da escola, pois a escola é, e sempre vai ser, um espaço para se formar leitores e o professor de língua portuguesa, mais do que qualquer outro, precisa abraçar esse objetivo.

De acordo com Coimbra (2006, p. 65), "Leitores formam-se, para começar, com muita leitura: a leitura é também uma técnica de decodificação de sinais que precisa ser praticada para ser dominada com desenvoltura; é um treinamento dos olhos para passar da decodificação das letras e do seu relacionamento com o som que representam e chegar à etapa da leitura da imagem gráfica da palavra e à etapa da leitura de grupos de palavras."

A escola, na maioria das vezes, limita-se a uma leitura rápida e usando-a como pretexto para se ensinar gramática ou práticas textuais, e a essência do texto literário perde seu status e a preocupação pelo pretexto aumenta, porque o aluno sabe que deve aprender a regra ou realizar a atividade. É nesse momento que os professores afastam seus alunos da leitura pela leitura, sendo que o objetivo que deveria ser cumprido era o de incentivar a leitura e não obrigar a fazer a leitura através de atividades.

A aula de leitura deveria ter um espaço privilegiado dentro do cronograma escolar, em que se estuda a obra e os seus elementos culturais como a época em que foi escrita, também se pode realizar um trabalho interdisciplinar com o professor de artes, não apenas reter-se  ao texto escrito, mas explorar também outros elementos fundamentais à leitura.

Muitas obras modernas possuem filmes, inclusive obras brasileiras, pode-se realizar um trabalho comparando a obra com o filme, ou seja, a oportunidade de inovação e aprendizado duplica-se através da leitura do texto literário. Os alunos que constroem o hábito da leitura escrevem melhor, pois ela fornece diversos elementos que são fundamentais para uma escrita de qualidade.





Outro aspecto importante no processo de leitura é a produção de sentidos, pois nós professores de língua portuguesa devemos incentivar nossos alunos a ter opinião própria a respeito da obra que está sendo trabalhada,  deixá-los à vontade para criticar e defender, ou seja, deve haver interpretação e não simplesmente ficar presos ao que o livro traz ou o que o professor quer ouvir. É preciso estabelecer um diálogo entre a leitura do aluno e a do professor, até porque a leitura é um ato individual, passiva de muitas opiniões.

Isto não quer dizer que o livro didático seja ruim, o que deve ser estruturada é a maneira de utilizar essa ferramenta, tanto com o trabalho da leitura, da produção escrita e da análise linguística. Em relação à leitura, por exemplo, temos um texto literário excelente para se trabalhar, mas o professor pega o material, faz uma leitura em voz alta e pede para que os alunos respondam algumas questões e ponto final.  

Essa atividade não atribuiu sentido, primeiramente o professor realiza uma leitura em voz alta, e, tratando de interpretação textual, o aluno necessita de uma leitura individual, necessita também de um diálogo com o professor, que deve procurar fugir da resolução dessas atividades e utilizá-las no próprio diálogo. 

O professor de português, incentivador da leitura, precisa administrar, de acordo com Coimbra (2006, p. 79), "o prazer de discutir, de aprofundar a leitura, de ler mais num texto, estabelecendo relações entre o texto em discussão e os textos lidos solitariamente." Em suma, esse tipo de atividade não é tarefa fácil, porém, necessária, e a escola e os professoras são fundamentais para que esse processo de leitura ocorra.
Referências
COIMBRA, Paulo. A formação do professor de português, que língua vamos ensinar? São Paulo: Parábola, 2006.


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