sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Regras ortográficas: como ensiná-las aos alunos de modo mais prazeroso e eficiente


Por: Lorena Reck Portela Rebesco

A leitura do texto “Ortografia nas séries iniciais do ensino fundamental”, de Edson Carlos Romualdo e Kelly Priscila Lóddo Cezar, permitiu uma imensa ampliação de horizontes acerca da temática da ortografia.
Meu conhecimento sobre o tema se restringia à memorização das regras ortográficas. O que não se encaixava nessas regras era decorado por meio da leitura de textos, de modo que com o tempo a grafia correta da palavra era assimilada. Com a leitura do artigo, algumas regras foram relembradas e novos conhecimentos foram adquiridos.
A meu ver, a principal mensagem dos autores consiste no fato de que “o ensino de conteúdos ortográficos não deve se restringir à simples memorização, mas se basear em um trabalho de reflexão que envolve professor e alunos”. E, sobre essa questão, é imprescindível que o professor tenha uma postura de facilitador do conhecimento e aprendizagem. Como bem salientam os autores, é preciso deixar o uso da metalinguagem para um segundo plano, pois muitas vezes um vocabulário muito técnico ou “mais difícil” pode afastar o aluno ou passar a impressão de que o conhecimento de ortografia é algo muito complexo.
Nesse sentido, esclarecem:

(...) os alunos não precisam dominar a nomenclatura gramatical, exprimindo-se com palavras como, adjetivos, sufixos, subjuntivo, etc. Nesse momento, para o aluno, conseguir refletir sobre o problema e elaborar a regra, ainda que seja com suas próprias palavras, é mais importante do que simplesmente repetir uma fórmula com palavras que ele não compreende. (...) A nomenclatura gramatical pode ser introduzida aos poucos. (...) Por exemplo, para elaborar uma regra sobre o uso do –esa, o aluno pode fazê-lo dizendo que “a gente usa o –esa quando quer mostrar o lugar de onde as pessoas nasceram”, nesse momento, o professor não precisa transformar a fala/regra dos alunos em “o sufixo –esa é empregado no processo de derivação para indicar origem ou procedência. (p. 81)

O trabalho também se mostrou muito interessante porque trouxe alguns ensinamentos contidos nos Parâmetros Curriculares Nacionais, PCNs. Em síntese, este documento preconiza que o trabalho deve ser fundamentado em duas estratégias didáticas. Primeiramente é preciso identificar as regularidades, ou seja, entender quais são as regras e como elas funcionam. Por exemplo, é uma regra que as letras “qu” terão sempre o som de /k/ quando seguidas das letras “i” e “e”, como ocorre em “quilo” e “queijo”. Num segundo plano, é necessário expor aos alunos as irregularidades, explicando que essas devem ser memorizadas, de modo que as mais frequentes devem ser trabalhadas com maior intensidade e assimiladas o quanto antes. Por exemplo, palavras como “homem” e “hoje’ são mais frequentes que “heurístico” e “hipercromia”.
Também foi muito importante compreender que o trabalho com ortografia pode ser desenvolvido a partir de textos e também de palavras, não necessariamente vinculadas a um texto. Nesse sentido, os autores esclarecem que é preciso fornecer diversos materiais impressos aos alunos, pois as crianças necessitam conviver com os modelos nos quais apareça a norma ortográfica.
Ainda, foi interessante aprender em que momento o ensino de regras ortográficas deve começar na vida do aluno. Para os autores, isso é recomendado a partir do momento em que a criança estiver compreendendo o sistema de escrita alfabético, ou seja, depois que estiver lendo e escrevendo alguma coisa. Antes de traçar metas sobre o plano de ensino, cabe ao professor fazer uma sondagem para verificar quais são as principais dificuldades de sua turma.
Por fim, Romualdo e Cezar trouxeram formas muito interessantes sobre como trabalhar ortografia. Entre os exercícios propostos, chamou a atenção o ditado interativo, a releitura com focalização, a construção de quadros de regras e a construção de listas com palavras mais importantes e usadas no dia a dia.
No ditado interativo o professor dita um texto para a turma, fazendo diversas pausas e convidando os alunos para a discussão de determinadas questões ortográficas. Na reescrita com focalização, o professor faz uma leitura coletiva e questiona os alunos a respeito da ortografia de determinadas palavras. Na construção do quadro de regras o professor pede que os alunos, com suas próprias palavras, construam regras em um quadro coletivo.
Enfim, a leitura do texto se mostrou muito produtiva, pois trouxe conhecimento a respeito das regras ortográficas e das melhores formas de ensiná-las aos alunos. Sem dúvida, é um material que será constantemente consultado na preparação de nossos planos de aula.

Referência:

ROMUALDO, E. C.; CEZAR, K. P. L. Ortografia nas séries iniciais do ensino  fundamental. In: SANTOS, A. R. dos; ROMUALDO, E. C.; RITTER, L. C.  B. Letramento e escrita. Maringá: Eduem, 2010.

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