sexta-feira, 22 de maio de 2015

21 de maio: dia do profissional de Letras

O profissional de Letras e a luta contra o preconceito linguístico

Disponível em: http://mudamais.com/o-profissional-de-letras-e-luta-contra-o-preconceito-linguistico. Acesso em 22 de maio de 2015.




Oswald de Andrade  já dizia em seus escritos, há quase 100 anos, que as normas cultas do portugês brigam com a língua falada no Brasil. Em um de seus poemas, o autor coloca a oposição entre a gramática do professor e do aluno ("Dê-me um cigarro") e o português falado pela nação brasileira ("Deixa disso camarada / Me dá um cigarro").
E hoje, dia 21 de maio,  quando se comemora o dia do profissional de Letras, o Muda Mais vai tentar explicar por que o professor de português não consegue evitar o evoluir de uma língua. E por isso fica meio ridículo apontar construções como os livro como erradas ou coisa de analfabeto. E não estamos aqui justificando ignorância ou ensino inadequado.
Pense num idioma qualquer. Pensou? Agora imagine como esse idioma era falado há 100, 150 anos. Mudou alguma coisa de lá pra cá? A resposta é sim, e não importa em que idioma você pensou. Se tomarmos o português brasileiro como exemplo, basta perguntar: quem, além da Bíblia, fala vós ides à escola todo dia ? Aliás, quem ainda sabe que ides é a conjugação do presente do indicativo do verbo ir para o pronome vós?
A constante evolução das línguas leva a alterações em detalhes como a marcação de plural. Em vários cantos do país, o plural vem sendo marcado de maneira diferente do que ensinam as gramáticas. Enquanto os livros de português ensinam Os livros estão na estante, muita gente diz os livro está na estante.
Esse uso do plural é registrado no português falado em várias cidades de norte ao sul do Brasil, interior e capitais, e em qualquer classe social, com qualquer grau de escolaridade. E antes que você diga que isso tá errado ou é coisa de analfabeto, em pesquisa rápida no Google foram descobertos ao menos três artigos acadêmicos falando sobre isso que mostram esse uso do plural. Ou seja: há fundamentação científica para afirmar que a língua está se modificando.

Existe uma constância nesse comportamento: o plural é marcado sempre na primeira palavra do trecho. E mesmo quem está pronto a corrigir a frase para o plural dos livros de português só faz isso porque já entendeu que a frase está no plural.
“Chegamos a um ponto em que a língua que falamos em casa é estruturalmente diferente daquele português que aprendemos em sala de aula”, diz o professor Dioney Moreira Gomes, do departamento de Linguística da UnB. “Por isso, o aluno se assusta com o português padrão apresentado nas escolas, que não é discutido e sim imposto de cima para baixo de maneira mnemônica e sem reflexão. Não se admite um questionamento do uso das estruturas gramaticais, apenas obriga-se a aceitá-las como a única forma certa de uso do português. Isso cria um mal-estar em relação à língua que falamos todos os dias com nossos pais e irmãos.”
Esse estereótipo de falar a língua certa, pois todas as variações são erradas, é reforçado pela grande mídia, que simplesmente ignora os estudos científicos a respeito das alterações no português falado no Brasil. Quem se lembra do caso do livro do MEC?
Sem se dar ao trabalho de divulgar imagem do livro, a imprensa noticiou, em 2011, que o PSDB denunciava no Congresso que o livro da coleção Viver e Aprender “ensinava português errado” às crianças. Nem se deram ao trabalho de descobrir que o livro é multidisciplinar e voltado para a Educação de Jovens e Adultos (EJA). E que a frase errada era explicada e reapresentada de acordo com a norma culta.
Houve quem afirmasse que o livro era uma forma de “justificar o presidente Lula e o modo como ele fala” (...).

Chico Bento nos representa! :D
Em tempo: plural diferente não é errado, e isso se comprova cientificamente, basta ver os três links neste post. Mas dois Paraguais e nenhum Equador  não há texto científico que justifique.

Obs.: confira texto na íntegra em: 
http://mudamais.com/o-profissional-de-letras-e-luta-contra-o-preconceito-linguistico

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