O artigo “Revisão
textual-interativa em editor de texto”, escrito por Rosane de Mello
Santo Nicola, apresentado no IX Congresso Nacional de Educação –
EDUCERE, ocorrido de 26 a 29 de outubro de 2009, discute a
importância do uso, pelo professor, do software
editor de texto
do programa Word.
Por meio desse aplicativo, a autora esclarece que o docente poderá
corrigir as produções textuais dos seus alunos, utilizando o método
de correção textual interativa.
O trabalho foi organizado em duas
partes. Na primeira, há uma explanação teórica sobre a
perspectiva sociointeracionista da linguagem e sua relação com a
correção textual-interativa. Na segunda parte, são propostas
atividades de análise reflexiva, tanto coletivas quanto individuais,
a serem trabalhadas junto aos alunos por meio do editor de texto.
Com relação à parte teórica do
artigo, há o desenvolvimento da ideia de que a correção vai além
das marcações usadas para resolver problemas gramaticais no texto.
Ao professor cabe o papel de ajudar o aluno a solucionar inadequações
de coerência e coesão. Ele precisa verificar se o aluno preencheu
as principais condições de produção, ou seja, se o aluno: a) teve
o que dizer (tema), b) sabe a quem vai dizer (destinatário), c)
respeitou a maneira adequada de dizer (gênero), d) teve porque dizer
(objeto), e) sabe o local em que o texto irá circular (suporte e
lugar de circulação).
Ainda, a autora, baseando-se em
Serafini (1989) e Ruiz (2001), classificou a correção textual em
quatro tipos: a) correção resolutiva (o professor resolve o
problema encontrado); b) correção indicativa (o professor marca os
erros); c) correção classificatória (o professor identifica e
classifica os erros); d) correção interacional (o professor
trabalha como coautor, deixando bilhetes com a finalidade de que o
aluno apreenda a escrever, respeitando não somente aspectos
gramaticais, mas, principalmente, as condições de produção acima
elencadas: ter o que dizer, para quem dizer, como dizer, quando e
onde dizer).
Feitas essas explanações
teóricas, e já adentrando na segunda parte do trabalho, a autora
salienta que o professor pode utilizar o editor de textos do Word
para corrigir os textos de seus alunos, a partir da teoria
interacionista. Por meio desse aplicativo, ele pode inserir
comentários (bilhetes) no texto, ou seja, fazer intervenções mais
produtivas, como explicar, sugerir, questionar, elogiar, esclarecer,
argumentar etc.
No artigo, há a proposta de
trabalhos destinados à prática escolar, como por exemplo: a) a
impressão do texto com os bilhetes, para que o aluno o reescreva; b)
a apresentação de partes dos textos em slides,
para que a turma analise e proponha a reestruturação de forma
coletiva; c) envio de textos por e-mail para que os alunos o
reescrevam; d) trabalho na sala de informática.
Conforme salientou a autora, é imprescindível que
qualquer trabalho de produção textual esteja amparado
na Teoria Dialógica da Linguagem, defendida por Bahktin e pelas
Diretrizes Curriculares do Paraná. Apenas
dessa forma os alunos terão condições de desenvolver um trabalho
completo e eficiente para muito além da vida escolar. Poderão
constituir-se não apenas como bons discentes, mas, principalmente
como cidadãos reflexivos, críticos e participativos, enfim, poderão
se tornar sujeitos de seu próprio dizer.
As ideias apresentadas no artigo
certamente podem contribuir para o desenvolvimento do trabalho de
revisão textual baseado nessa concepção dialógica da linguagem. É
que por meio do editor de textos do Word, o professor tem condições
de interagir com o aluno e deixar bilhetes mais claros e organizados
do que aqueles realizados no papel, que ocorrem no meio do que foi
escrito pelo aluno. Esse processo também facilitará a prática da
reescrita, pois o professor terá condições de explicar de maneira
mais detalhada suas sugestões.
A única questão que dificulta a
execução plena das ideias apresentadas pela autora é a escassez de
recursos destinados à educação, pois nem todos os alunos têm
acesso a computadores e nem todas as escolas possuem salas de
informática preparadas para o desenvolvimento de trabalhos desse
gênero. Fora esse obstáculo, a proposta desenvolvida no artigo
constitui-se um excelente mecanismo para ser utilizado com a
finalidade de aperfeiçoar a produção textual dos alunos.
Referência
NICOLA, Rosane de Mello Santo.
Revisão textual interativa em editor de texto. In: Anais
do IX Congresso Nacional de Educação – EDUCERE e III Encontro Sul
Brasileiro de Psicopedagogia.
Curitiba: PUCPR, 2009. Disponível em
http://www.pucpr.br/eventos/educere/ educere2009/anais/pdf/3474_1945.pdf.
Acesso em: 04/08/2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário