sábado, 8 de agosto de 2015

Uma nova e eficiente forma de desenvolver a correção textual-interativa

Por: Lorena Reck Portela Rebesco

O artigo “Revisão textual-interativa em editor de texto”, escrito por Rosane de Mello Santo Nicola, apresentado no IX Congresso Nacional de Educação – EDUCERE, ocorrido de 26 a 29 de outubro de 2009, discute a importância do uso, pelo professor, do software editor de texto do programa Word. Por meio desse aplicativo, a autora esclarece que o docente poderá corrigir as produções textuais dos seus alunos, utilizando o método de correção textual interativa.
O trabalho foi organizado em duas partes. Na primeira, há uma explanação teórica sobre a perspectiva sociointeracionista da linguagem e sua relação com a correção textual-interativa. Na segunda parte, são propostas atividades de análise reflexiva, tanto coletivas quanto individuais, a serem trabalhadas junto aos alunos por meio do editor de texto.
Com relação à parte teórica do artigo, há o desenvolvimento da ideia de que a correção vai além das marcações usadas para resolver problemas gramaticais no texto. Ao professor cabe o papel de ajudar o aluno a solucionar inadequações de coerência e coesão. Ele precisa verificar se o aluno preencheu as principais condições de produção, ou seja, se o aluno: a) teve o que dizer (tema), b) sabe a quem vai dizer (destinatário), c) respeitou a maneira adequada de dizer (gênero), d) teve porque dizer (objeto), e) sabe o local em que o texto irá circular (suporte e lugar de circulação).
Ainda, a autora, baseando-se em Serafini (1989) e Ruiz (2001), classificou a correção textual em quatro tipos: a) correção resolutiva (o professor resolve o problema encontrado); b) correção indicativa (o professor marca os erros); c) correção classificatória (o professor identifica e classifica os erros); d) correção interacional (o professor trabalha como coautor, deixando bilhetes com a finalidade de que o aluno apreenda a escrever, respeitando não somente aspectos gramaticais, mas, principalmente, as condições de produção acima elencadas: ter o que dizer, para quem dizer, como dizer, quando e onde dizer).
Feitas essas explanações teóricas, e já adentrando na segunda parte do trabalho, a autora salienta que o professor pode utilizar o editor de textos do Word para corrigir os textos de seus alunos, a partir da teoria interacionista. Por meio desse aplicativo, ele pode inserir comentários (bilhetes) no texto, ou seja, fazer intervenções mais produtivas, como explicar, sugerir, questionar, elogiar, esclarecer, argumentar etc.
No artigo, há a proposta de trabalhos destinados à prática escolar, como por exemplo: a) a impressão do texto com os bilhetes, para que o aluno o reescreva; b) a apresentação de partes dos textos em slides, para que a turma analise e proponha a reestruturação de forma coletiva; c) envio de textos por e-mail para que os alunos o reescrevam; d) trabalho na sala de informática.
Conforme salientou a autora, é imprescindível que qualquer trabalho de produção textual esteja amparado na Teoria Dialógica da Linguagem, defendida por Bahktin e pelas Diretrizes Curriculares do Paraná. Apenas dessa forma os alunos terão condições de desenvolver um trabalho completo e eficiente para muito além da vida escolar. Poderão constituir-se não apenas como bons discentes, mas, principalmente como cidadãos reflexivos, críticos e participativos, enfim, poderão se tornar sujeitos de seu próprio dizer.
As ideias apresentadas no artigo certamente podem contribuir para o desenvolvimento do trabalho de revisão textual baseado nessa concepção dialógica da linguagem. É que por meio do editor de textos do Word, o professor tem condições de interagir com o aluno e deixar bilhetes mais claros e organizados do que aqueles realizados no papel, que ocorrem no meio do que foi escrito pelo aluno. Esse processo também facilitará a prática da reescrita, pois o professor terá condições de explicar de maneira mais detalhada suas sugestões.
A única questão que dificulta a execução plena das ideias apresentadas pela autora é a escassez de recursos destinados à educação, pois nem todos os alunos têm acesso a computadores e nem todas as escolas possuem salas de informática preparadas para o desenvolvimento de trabalhos desse gênero. Fora esse obstáculo, a proposta desenvolvida no artigo constitui-se um excelente mecanismo para ser utilizado com a finalidade de aperfeiçoar a produção textual dos alunos.

Referência

NICOLA, Rosane de Mello Santo. Revisão textual interativa em editor de texto. In: Anais do IX Congresso Nacional de Educação – EDUCERE e III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia. Curitiba: PUCPR, 2009. Disponível em http://www.pucpr.br/eventos/educere/ educere2009/anais/pdf/3474_1945.pdf. Acesso em: 04/08/2015.  

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