Por: Jociane
de Paula
Por
meio
da
língua,
as
pessoas
podem
expressar
sentimentos,
expor
opiniões,
interagir
com
o
meio
social
e
com
o
mundo.
Entretanto,
essa
língua
não
é
única,
não
é
homogênea,
mas
caracterizada
como
um
conjunto
de
variedades,
as
quais
são
decorrentes
de
vários
fatores,
como
o
tempo,
o
espaço,
o
nível
cultural
e
o
contexto
em
que
o
indivíduo
se
encontra
inserido.
Sabemos
que
nossos
alunos desde sempre,
quando
vêm
para
a
sala
de
aula,
já
têm
a
convivência
e
experiência
de
um
contexto
social:
a
família.
É por intermédio dela
que
a
criança
passa
a
ter
contato
com
outras
pessoas,
com
outros
meios
sociais
(igreja,
cinema,
banco,
etc.)
que
possibilitam
a
interação
dela
com
o
mundo.
A
partir
desses
diversos
meios
que
a
socializam,
a
criança
passa
a
criar
a
sua
própria
identidade,
podendo
ser
identificada
através
da
variedade
linguística
utilizada
.
Assim,
quando
a
criança
chega
à
escola,
já
possui
bagagens
e
conhecimentos
de
mundo
que
foram
adquiridos
ao
longo
dos
anos.
Logo,
o
contato
com
a
escola
passa
a
ser
uma nova oportunidade de
conhecimentos,
ideias
e
condutas
que
serão
apresentadas
aos
alunos
e
que
deverão
ser
adquiridas
para
sua
melhor
inserção
social.
É
na
escola,
também,
que
a
criança
passa
a
ter
maiores
conhecimentos
da
língua
portuguesa,
amplia
a
competência
comunicativa,
adquire
uma
nova
variedade
linguística:
a
norma
culta,
tanto
na
modalidade
oral,
como
na
modalidade
escrita.
Por
muito
tempo,
foi
trabalhada
no
contexto
escolar
uma
fala
idealizada,
como
se
a
língua
fosse
uma
só,
homogênea,
mostrando-se
para
o
aluno
“o certo
X o errado”,
não
sendo
valorizado,
assim,
o
que
o
aluno
já
sabia
e
a
variedade
linguística
que
ele
trazia
da
sua
convivência
não
escolar.
Com
o
surgimento
da
sociolinguística,
que
visa
a analisar e descrever os
fenômenos
de variação e mudança da
linguagem
humana,
os
documentos
oficias
de
ensino
passam
a
defender
um
trabalho
com
a
língua
mais
democrático,
partindo
do
pressuposto
de
que:
A
variação
é
constitutiva
das
línguas
humanas,
ocorrendo
em
todos
os
níveis.
Ela
sempre
existiu
e
sempre
existirá,
independentemente
de
qualquer
ação
normativa.
Assim,
quando
se
fala
em
“Língua
Portuguesa”
está
se
falando
de
uma
unidade
que
se
constitui
de
muitas
variedades.
Embora
no
Brasil
haja
relativa
unidade
linguística
e
apenas
uma
língua
nacional,
notam-se
diferenças
de
pronúncia,
de
emprego
de
palavras,
de
morfologia
e
de
construções
sintáticas,
as
quais
não
somente
identificam
os
falantes
de
comunidades
linguísticas
em
diferentes
regiões,
como
ainda
se
multiplicam
em
uma
mesma
comunidade
de
fala.
Não
existem,
portanto,
variedades
fixas:
em
um
mesmo
espaço
social
convivem
mescla
das
diferentes
variedades
linguísticas,
geralmente
associadas
a
diferentes
valores
sociais.
Mais
ainda,
em
uma
sociedade
como
a
brasileira,
marcada
por
intensa
movimentação
de
pessoas
e
intercâmbio
cultural
constante,
o
que
se
identifica
é
um
intenso
fenômeno
de
mescla
lingüística
(PCN’s,
2008).
Assim,
a
sala
de
aula
é
identificada
como
uma
pluralidade
de
falas,
oriundas
de
contextos
diferenciados.
Cabe
ao
professor
de
língua
portuguesa
mostrar aos
alunos
essas
diferenças
existentes
em
cada
contexto,
não
desvalorizando
as
variedades
de
fala,
mas
trazendo
para
o
discente
as
mudanças
que
ocorrem
na
língua,
conforme o tempo, o espaço,
os
níveis
sociais,
entre
outras
situações
que
ocasionam
esse
fenômeno
heterogêneo
da
língua,
e
oferecendo
para
os
alunos a oportunidade
de
aprendizado
da variedade culta,
requisitada em
situações
mais
formais:
(...) não
se
trata,
portanto,
de
substituir
uma
variedade
por
outra,
mas
reconhecer
as
outras
modalidades
expressivas
e,
assim,
conseguir
diminuir
as
atitudes
discriminatórias
resultantes
de
se
considerar
a
variedade
culta
como
única,
correta.
(CUNHA,
2012).
Mas,
para
que
haja
essa
valorização
e
reconhecimento
da
variação
da
língua,
é
necessário
que
esse
trabalho
seja
realizado
já
nos
primeiros
contatos
do
indivíduo
com
a
escola e que se prolongue ao longo de sua vida escolar,
mostrando
as
variações
culturais
e
sociais
presentes
em
cada
contexto,
discutindo
a
necessidade
de
respeito
pelo
próximo,
debatendo
que
cada
um
traz
consigo
a
experiência
do
contexto
em
que
vive
e
que
essa
experiência
deve
ser
preservada
e,
principalmente,
respeitada
por
todos.
Referências:
CUNHA,
Lucia
Aparecida
Albuquerque.
O
trabalho
com
a
variação
linguística:
uma
proposta
de
sequência
didática
para
o
ensino
médio.
Olivedos/pb,
2012.
PARANÁ,
SEED.
Diretrizes
Curriculares
da
Educação
Básica-
Língua
Portuguesa.
Paraná,
2008.
BRASIL.
Secretaria
de
Educação
Fundamental.
Parâmetros
Curriculares
Nacionais:
terceiro
e
quarto
ciclos
do
ensino
fundamental:
língua
portuguesa.
Secretaria
de
Educação
Fundamental.
Brasília,
1998.
Nenhum comentário:
Postar um comentário