Desde
a
criação
das
primeiras
escolas
até
a
obrigatoriedade
da
inserção
de
alunos
no
ensino
fundamental
e
médio,
muita
coisa
mudou.
O
perfil
dos
estudantes
de
hoje
é
diferente
do
perfil
daqueles
que
estudaram
em
épocas
anteriores.
Em
virtude
disso,
em
1998,
surgiram
os
Parâmetros
Curriculares
Nacionais
– PCNs,
que
dão
respaldo
para
que
o
professor
trabalhe
com
uma
concepção
que
dê
conta
das
reais
necessidades
dos
indivíduos.
Esse
documento
pontua
muitos
aspectos
relevantes,
como
a
indispensabilidade
de
adaptar
os
conteúdos
para
a
realidade
social
dos
indivíduos.
Também,
é
salientada
a
importância
de
não
isolar
leitura,
literatura,
gramática
e
produção
textual;
é
de
extrema
necessidade
que
essas
áreas
do
saber
dialoguem
no
processo
educativo.
Ao
longo
dos
PCN,
são
expostas
formas
de
apresentar
esses
diferentes
campos
do
conhecimento;
os
estudos
da
gramática,
por
exemplo,
não
podem
ser
inócuos,
presos
a
mera
nomenclatura,
mas
precisam
ser
abordados
como
um
recurso
de
interpretação,
compreensão
e
produção
textual.
No
Estado
do
Paraná,
em
2008,
foram
elaboradas
as
Diretrizes
Curriculares
Estaduais
– DCE,
que
dão
ênfase
às
especificidades
da
leitura,
oralidade,
escrita,
gramática
e
literatura;
em
cada
uma
dessas
áreas
são
destacadas
quais
metodologias
são
adequadas
para
dar
subsídios
aos
discentes
para
que
reflitam
e,
dessa
forma,
sejam
sujeitos
mais
críticos.
No
decorrer
dessa
proposta,
é
elucidada
a
importância
de
abordar
atividades
a
partir
dos
gêneros
discursivos,
que
são
tipos
relativamente
estáveis
de
enunciados
(BAKHTIN,
1997),
adquiridos
no
processo
de
interação,
ou
seja,
nos
grupos
sociais,
que
criam
esses
gêneros
e
os
utilizam
com
a
finalidade
de
comunicar,
persuadir,
informar,
agir
sobre
o
interlocutor,
entre
outras
intenções.
Bakhtin
(1997)
postula
que
a
vida
humana
é
alicerçada
nos
mais
diversos
contextos
de
comunicação.
E
pontua
que
o
uso
da
língua
se
concretiza
por
meio
de
enunciados
(falados
e
escritos)
criados
devido
à
necessidade
de
uma
comunidade.
Em
virtude
disso,
a
quantidade
de
gêneros
discursivos
é
numerosa,
pois
o
homem
necessita
adaptar
sua
fala
e
escrita
ao
meio
no
qual
está
inserido.
Esse
teórico
pontua
que
o
gênero
surge
das
condições
peculiares
e
dos
objetivos
de
cada
comunidade
e
não
se
diferencia
apenas
pelo
tema
ou
pelos
recursos
linguísticos
utilizados,
mas
pelo
modo
como
se
compõe
estruturalmente.
Valemo-nos
durante
nossas
atividades
diárias
de
diversos
gêneros
do
discurso,
na
esfera
jornalística,
por
exemplo,
encontramos
editoriais,
crônicas,
reportagens
e
notícias.
Conforme Baroni, Rosa, Mansur e
Barcelar (2013), a notícia tem o objetivo de relatar a visão de
alguém sobre algum fato e é escrita com o objetivo de estimular o
interesse do interlocutor. Os autores também ponderam que esse texto
apresenta especificidades próprias que o caracterizam enquanto
gênero único e diferente dos demais, no entanto, isso não impede
que ocorram mudanças ao longo dos anos dentro desses textos.
Também,
Benassi
(2007)
destaca
a
importância
de
textos
jornalísticos,
como
a
notícia,
que
tem
a
capacidade
de
formar
um
indivíduo
mais
atento
ao
que
acontece
em
seu
meio
social.
A
pesquisadora
menciona
o
caráter
interativo
da
notícia
que
tem
a
finalidade
de
apontar
um
fato
e,
dessa
forma,
é
propiciada
a
interação
entre
o
escritor,
o
texto
e
o
interlocutor.
Expõe,
ainda,
o
recurso
ideológico
utilizado
pela
notícia
que
sempre
será
produto
de
uma
época
histórica
e
direcionada
a
uma
comunidade.
Benassi
(2007)
pontua
as
características
estruturais
desses
textos
como
a
utilização
do
lide
que
estará
presente
nos
primeiros
parágrafos
e
tem
a
função
de
resumir
que
fato
aconteceu,
quando,
onde,
como,
que
pessoas
ou
que
está
envolvido.
A partir dessas perspectivas que se
tornam relevantes ao ensino da língua materna, trabalhamos o gênero
notícia. Uma das turmas em que o PIBID desenvolve
atividades em aulas de Português é a de um segundo ano do Ensino
Médio de um Colégio Estadual de Irati-PR. Antes de iniciarmos nosso
trabalho, aplicamos uma sondagem para que soubéssemos quais
conceitos os estudantes tinham sobre a notícia: a) se os discentes
já tinham tido contato com o gênero; b) o que entendiam por
notícia; c) quais assuntos eram retratados; d) e se haviam escrito
um texto pertencente a esse gênero. As respostas foram as mais
variadas e o que mais chamou atenção foi com relação à temática.
Os alunos pontuaram que os assuntos retratados pelas notícias eram
sobre mortes, roubos, por exemplo.
Levando
em
consideração
as
respostas
dadas,
escolhemos
notícias
que
fugissem
dos
temas
elencados.
Na
aula,
destacamos
que
o
que
fará
um
emaranhado
de
palavras
ser
um
gênero
discursivo
“y”
ou
“x”
é
o
modo
como
ele
se
estrutura;
comentamos
que
esses
textos
sempre
terão
uma
finalidade
e
um
público-alvo.
Após
destacarmos
alguns
itens
acerca
dos
gêneros,
refletimos
como
a
notícia
se
estrutura,
a
que
público
pode
se
destinar
e
qual
pode
ser
seu
objetivo.
Em
um
segundo
momento,
entregamos
uma
notícia
e
pedimos,
por
meio
de
um
roteiro
de
leitura,
para
que
fossem
identificados
os
elementos
do
lide
(que
fato
aconteceu,
quando,
onde,
como,
que
pessoas
ou
o
que
está
envolvido)
e
indagamos
qual
poderia
ser
o
possível
leitor
e
qual
o
objetivo
do
gênero.
Ao
longo
das
aulas,
entregamos
material
escrito
acerca
da
estrutura
da
notícia,
lemos
uma
reportagem
e
destacamos
o
que
a
diferencia
da
notícia,
pedimos
para
que
os
estudantes
transformassem
a
reportagem
em
notícia,
estudamos
notícias
sensacionalistas,
comentamos
sobre
a
importância
de
se
investigar
as
fontes
para
não
sermos
alvos
fáceis
a
mercê
de
sites,
jornais,
revistas
mal-intencionados.
No
decorrer
das
atividades,
colocamos
em
discussão
o
fato
de
a
notícia
ser
a
visão
de
alguém
sobre
algum
fato
e
que
quem
a
escreve
deve
seguir
a
ideologia
do
jornal.
Para
nortear
esses
debates,
nos
debruçamos
sobre
o
texto
“O
repórter
de
três
cabeças”,
escrito
por
José
Castelo,
publicado
em
1997,
no
jornal
o
Estado
de
São
Paulo,
e
comparamos
duas
manchetes
que
contavam
o
mesmo
fato
com
visões
completamente
distintas.
A última proposta de reflexão
relacionada ao gênero notícia foi a leitura de uma notícia que era
escrita se valendo de gírias com linguagem bastante coloquial. A
partir dessa atividade, trouxemos para a sala de aula discussões
sobre as diferentes formas que utilizamos nosso idioma, pontuamos que
as gírias utilizadas hoje são diferentes daquelas usadas há 50
anos.
Depois desses procedimentos, propomos
a escrita de uma notícia, lemos e corrigimos os textos, apontando,
por meio de bilhetes, os elementos que poderiam ser revistos e
melhorados. Após, o texto foi reescrito, corrigido e durante uma
aula posterior foram tecidos comentários sobre as refacções. Por
fim, as notícias dos estudantes foram expostas no mural do Colégio.
O
trabalho
empreendido
com
o
gênero
notícia
se
mostrou
bastante
profícuo,
pois,
por
meio
dessa
atividade,
discutimos
diversos
pontos
com
o
intuito
de,
além
de
identificar
as
características
da
notícia,
que
tem
ampla
circulação
social,
colocar
em
voga
que
um
texto
sempre
será
produto
da
visão
de
alguém.
Debatemos
o
gênero
abordado
em
sala
de
aula
englobando
suas
múltiplas
facetas
(o
aspecto
ideológico,
as
variedades
linguísticas
presentes),
para
que
os
indivíduos
percebessem
as
subjetividades
presentes
no
discurso.
As
atividades
ocorreram
de
modo
satisfatório
e
os
alunos
se
mostraram
interessados.
A
partir
desses
procedimentos
metodológicos,
constamos
a
importância
de
envolver
a
sala
de
aula
com
textos
que
circulam
na
sociedade,
pois,
dessa
forma,
os
estudantes
envolveram-se
nos
debates
propiciados
pelo
professor.
E,
por
meio
disso,
puderam
tornar
sua
relação
com
o
gênero
notícia
mais
reflexiva
e
crítica.
Referências
BACELAR,
Roberta
Baldo;
BARONI,
Daniela;
MANSUR,
Rosana;
ROSA,
Teresa
Ratti
de
Oliveira.
O
Gênero
textual
notícia:
do
jornal
impresso
ao
on-line.
In
Anais
do
9º
Encontro
Nacional
de
História
da
Mídia,
Ouro
Preto,
2013.
BAKHTIN,
Mikhail.
Estética
da
criação
verbal.
São
Paulo:
Martins
Fontes,
1997.
BENASSI,
Maria
Virginia
Brevilheri.
O
gênero
“notícia”:
uma
proposta
de
análise
e
intervenção.
In:
CELLI
– COLÓQUIO
DE
ESTUDOS
LINGUÍSTICOS
E
LITERÁRIOS.
2007,
p.1791-
1799.
BRASIL.
Parâmetros
curriculares
nacionais
para
o
ensino
médio.
Brasília:
2000.
PARANÁ.
Diretrizes
Curriculares
de
Educação
Básica.
Curitiba:
2008.
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