Muito
se
tem
discutido
sobre
o
que
deve
ser
trabalhado
nas
aulas
de
português
do
ensino
fundamental
e
médio.
De
um
lado,
há
professores
mais
tradicionais
que
defendem
o
ensino
da
gramática,
também
conhecida
como
estudos
metalinguísticos,
ou
seja,
um
trabalho
que
consiste
em
dar
nomes
e
estabelecer
conceitos
para
cada
fenômeno
da
língua,
como,
por
exemplo,
o
que
é
um
substantivo,
adjetivo,
pronome,
etc.,
e
qual
a
função
de
cada
um
desses
elementos
na
frase.
De
outro
lado,
temos
linguistas
que
acreditam
que,
antes
de
tudo,
é
essencial
que
o
aluno
domine
a
língua
efetivamente,
que
ele
saiba
compreender
o
sentido
do
que
lê
ou
ouve
e
consiga,
também,
transmitir
seu
pensamento
a
outras
pessoas
de
maneira
eficaz.
Cabe
registrar
ainda
que,
no
ensino
da
metalinguagem,
o
professor
analisa
palavras
isoladas
de
um
texto, e
seu
objetivo,
em
geral,
é
corrigir
erros
de
ortografia.
Na
análise
linguística,
o
objeto
de
estudo
são
textos,
analisados
em
sua
completude,
para
muito
além
da
grafia
correta
das
palavras.
São
priorizadas,
entre
outras
características,
a
coerência,
coesão,
clareza,
adequação
do
gênero
e
objetividade
das
produções
textuais.
A
crise
educacional
já
nos
mostrou
que
insistir
em
uma
educação
restrita
a
práticas
metalinguísticas
é
insistir
em
um
trabalho
inócuo,
que
não
tem
rendido
bons
frutos.
Prova
disto
é
a
quantidade
de
analfabetos
funcionais,
que
decodificam
as
palavras
de
um
texto,
mas
não
compreendem
a
mensagem
nele
contida.
Por
isso,
é
importante
que
cada
vez
mais
professores
desenvolvam
trabalhos
em
sala
de
aula
voltados
para
análise
linguística,
mesmo
porque
tal
prática
está
prevista
e
é
recomendada
pelas
Diretrizes
Curriculares
de
nosso
estado
(PARANÁ,
2008).
Contudo,
surgem
muitas
dúvidas:
como
trabalhar
análise
linguística
em
sala
de
aula?
Quais
são
as
atividades
que
podem
ser
desenvolvidas
com
essa
finalidade?
Afinal,
a
maioria
dos
livros
didáticos
ainda
prioriza
o
ensino
baseado
na
metalinguagem.
E
o
trabalho
com
a
análise
linguística
é
muito
mais
complexo,
pois
não
é
algo
estático,
como
a
memorização
de
nomenclatura
ou
regras
gramaticais.
Muito
longe
de
tentar
elencar
as
principais
formas
de
se
trabalhar
esse
assunto
em
sala
de
aula,
mesmo
porque
há
muito
ainda
a
ser
descoberto
nessa
área,
sugerem-se
a
seguir
algumas
práticas
interessantes
compartilhadas
nos
trabalhos
de
Geraldi
(2003)
e
Antunes
(2007).
Em
primeiro
lugar,
o
professor
precisa
trabalhar
a
leitura
e
escrita
de
textos
como
práticas
sociais
significativas
e
integradas
em
vez
de
exercícios
estruturais
de
gramática
(normativa
e
teórica).
Ele
deve
desenvolver
mecanismos
para
que
os
alunos
saibam
fazer
uso
adequado
da
língua
conforme
a
situação
sócio-interativa
e
conforme
o
gênero
textual
exigido
para
determinada
situação.
Isso
não
implica
o
abandono
total
da
gramática,
mesmo
porque
ela
é
necessária.
O
docente
pode
e
deve
ensinar
regras
de
pontuação,
grafia
correta
das
palavras,
maiúsculas,
segmentação
de
palavras,
frases
e
parágrafos,
etc,
mas
tudo
isso
por
meio
de
atividades
de
linguagem.
Segundo
Antunes
(2007),
deve
ser
realizada
muita
leitura/releitura,
de
reflexão
e
operação
sobre
a
linguagem
(reescrita
de
textos,
reestruturação
de
frases
e
parágrafos).
O
que
podemos
concluir
é
que
o
trabalho
com
a
análise
linguística
nas
aulas
de
português
exige
do
professor
maior
dedicação
e
tempo,
contudo,
acreditamos
que
esse
trabalho
renderá
bons
frutos,
não
apenas
na
esfera
escolar,
mais
principalmente
na
sociedade.
Pois
a
partir
do
momento
que
todas
as
pessoas
conseguirem
efetivamente
ler,
interpretar
e
interagir
com
o
mundo
a
sua
volta
(seja
ao
contratar
algo,
ler
uma
notícia,
reivindicar
um
direito,
manifestar
uma
crença,
etc.),
certamente
nos
tornaremos,
todos
nós,
cidadãos
mais
comprometidos
com
a
construção
de
uma
sociedade
mais
isonômica
e
justa.
Referências:
ANTUNES, I. Muito
além da gramática:
por um ensino de línguas sem pedras no caminho. São Paulo: Parábola
editorial, 2007.
GERALDI, J. W.
Concepções de linguagem e ensino de português. In:
GERALDI, J. W. (org.). O
texto na sala de aula.
4 ed. São Paulo: Ática, 2003, p. 39-46.
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