sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O Filme Nell (1994) e a hipótese do Período Crítico


Por Otávio Martini

A linguagem humana é objeto de curiosidade de vários pensadores desde a Grécia antiga, filósofos importantes como Platão já encontravam em suas reflexões um lugar para essa ferramenta essencial para a sobrevivência. Desde que o suíço Ferdinand de Saussure propiciou o desenvolvimento da lingüística como uma ciência autônoma no início do século XX, muitos cientistas tem desenvolvido pesquisas no intuito de explicar como se dá o processo de aquisição da linguagem e os diversos aspectos estruturais das línguas naturais.
Uma das mais significativas teorias linguísticas da atualidade é o Gerativismo ou Teoria Gerativa, proposta pelo linguista, filósofo e ativista político estadunidense Avram Noam Chomsky, entre os muitos aspectos contemplados pela investigação do programa gerativo está o chamado Período Crítico. Partindo do postulado que afirma a existência de um dispositivo inato responsável pela aquisição da linguagem (Gramática Universal), a hipótese do período crítico consiste na ideia de que entre os dois anos de idade e a puberdade, o ser humano passa por um período mais sensível no processo de aquisição, e caso a criança não adquira a linguagem durante esse período, seu desenvolvimento linguístico será comprometido.
O filme Nell, dirigido pelo cineasta inglês Michael Apted, trata dessa questão com a história fictícia da protagonista, interpretada por Jodie Foster. A jovem Nell é encontrada vivendo em uma cabana no meio de uma floresta logo após a morte da mãe. Afastada do contato humano, exceto pela genitora e a irmã gêmea falecida na infância, a garota desenvolveu um comportamento agressivo em relação aos estranhos. Um médico da cidade chamado Jerome Lovell (Liam Neeson) interessa-se pelo caso e decide estudar o comportamento da “garota selvagem”.
O caso repercute no meio clínico ao ponto da Dra. Paula Olsen (Natasha Richardson) e do Dr. Paley (Richard Libertini) unirem seus esforços com o intuito de internar a jovem com o fim de estudar seu comportamento. Lovell, contudo, opõe-se a essa resolução defendendo que Nell consegue sobreviver tranquilamente sem a ajuda de qualquer pessoa, fato presenciado por ele que a observava há algum tempo.
O caso é levado ao Tribunal e o Juiz decide conceder três meses ao médico e à psicóloga para que a jovem seja observada e, após esse tempo, realize-se uma nova seção para decidir seu futuro, no decorrer deste período, Jerome consegue perceber algumas características da linguagem utilizada por Nell e aos poucos consegue compreender alguns enunciados, chegando a estabelecer uma frágil comunicação com a jovem, ao passo que esta se habituava à companhia do médico.
Posteriormente, a Dra. Olsen instala câmeras e microfones enquanto Nell dorme e percebe que muitas das palavras emitidas pela jovem são vocábulos do inglês com pronúncia distorcida, um provável reflexo da linguagem aprendida com a mãe, vítima de derrame e paralisia, e, portanto, incapacitada fisicamente de articular com perfeição os sons da língua. Essa hipótese é confirmada pouco tempo depois quando “Jerry” agora muito próximo à garota lê trechos da bíblia e percebe que Nell repete as palavras a seu modo, nesse trecho em especial é possível refletir acerca da relação entre o dispositivo inato e o ambiente, pois a personagem em contato com a fala comprometida da mãe adquire a linguagem com todas as características e desvios do ambiente linguístico em que se desenvolveu, corroborando as ideias de Chomsky, que diz que o ambiente tem influência direta sobre a criança, no sentido de acionar o dispositivo com o qual a criança já nasceu.
As tentativas de diálogo e compreensão entre os médicos e a paciente são cada vez mais bem sucedidas; contudo, a interferência de curiosos, que aos poucos começam a rodear a casa, faz com que Jerome e Paula decidam levar Nell à cidade para um primeiro contato com a civilização, com a constante insistência por parte do Dr. Paley, Nell é internada em uma clínica, de onde é retirada pelo Dr. Lovell que a leva para um hotel, o dia da seção se aproxima e a jovem não pronuncia mais palavra alguma e passa a maior parte do tempo adormecida.
No tribunal, médico e psicóloga são acusados de se envolver emocionalmente com a paciente, mas então Nell se expressa dizendo que aprendeu muito em companhia dos médicos e que seu lar é a floresta, com isso o Juiz decide que ela deve continuar vivendo em sua cabana.
Passados cinco anos, Jerome e Paula, casados e com uma filha, visitam Nell em sua casa. À medida que o contato da personagem com falantes diversos do inglês aumenta no decorrer da trama, é possível notar que o estágio inicial de comunicação por meio de balbucios progride e Nell consegue aos poucos articular algumas palavras de maneira mais clara, contudo, mesmo depois de alguns anos sua fala continua marcada pelas características iniciais, essa melhora na articulação de algumas palavras pode ser explicada dentro da Teoria Gerativa como um aprendizado cognitivo de habilidade, ou seja, para Nell não seria mais possível adquirir uma nova linguagem sem desvios, pois isso já não seria mais função da Gramática Universal.
O filme recebeu uma indicação ao Oscar e três ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Atriz, Melhor Filme – Drama e Melhor Trilha Sonora e é um estimulante auxílio na compreensão da hipótese do Período Crítico, especialmente recomendado a pesquisadores e estudantes da área.


Dica de leitura


Por Loremi Loregian-Penkal

Qual o tratamento escolar tradicionalmente dado à gramática? Existe sujeito oculto? Há ou deveria haver alguma relação entre gramática, uso e norma? Qual, afinal, é o lugar da norma na ciência linguística? Estas e outras importantes questões são abordadas de forma prática, e em linguagem bastante acessível, pela linguista Maria Helena de Moura Neves, em seu livro:

NEVES, Maria Helena de Moura. Que gramática estudar na escola? Norma e uso da Língua Portuguesa. São Paulo: Contexto, 2009.

Nas questões levantadas pela autora, há sempre a preocupação com a busca de exemplos em livros didáticos, para que a discussão não fique somente na teoria. Assim, professores de Língua Portuguesa, especialmente os do Ensino Fundamental e Médio, bem como graduandos em Letras (e futuros professores dessa língua) têm à disposição um material importante e altamente recomendável.

Aos interessados, há exemplares do citado livro na BU/UNICENTRO, sem contar que é de fácil acesso em livrarias.

Boa leitura!


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

DICA DE LEITURA

Por Carla Carraro


                              Professor: como você trabalha a oralidade com seus alunos?

Muitos professores relatam a dificuldade de se trabalhar com a oralidade em sala de aula e os motivos são os mais diversos, entre eles está a dificuldade com a oralidade apresentada por muitos alunos. E então, como agir, professor? Como não frustrar o aluno? Como contribuir para o aprimoramento da oralidade?
A dica de leitura desta semana vem auxiliar a entender melhor essas questões e também fez parte da tarefa que nós, bolsistas-PIBID, realizamos durante as férias: efetuamos a leitura e o fichamento de RAMOS, Jânia. O espaço da oralidade na sala de aula. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
O livro apresenta discussões a respeito do espaço e da importância da oralidade, visto que, muitas vezes, a oralidade é deixada de lado nas aulas de língua portuguesa (não é mesmo, professor?).
Em suas páginas, o centro das discussões é o texto falado, mostrando que a partir dele podem-se construir vários outros textos falados ou escritos, ou seja, o texto falado seria o ponto inicial para outras atividades textuais produzidas pelos alunos, influenciando de forma positiva os resultados das produções textuais posteriores, uma vez que parte-se do ponto em que o aprendiz já tem conhecimento, que é o texto falado em situações reais de uso da língua, como notícias de jornal, peças de teatro, instruções etc.
Além disso, a autora Jânia M. Ramos traz sugestões didáticas, discutindo atividades já realizadas com alunos envolvendo principalmente textos orais, atividades estas que poderão ser utilizadas em sala de aula por você, professor.
A autora também dá um norte em relação à avaliação das produções textuais, formando, ao final, um quadro da avaliação de acordo com cada caso (concordância, de pontuação, acentuação, ortografia, coesão, coerência, regência, vocabulário), explicitando os tipos de questões discutidas ao longo do livro e como proceder diante delas.
Ainda, no livro, é ressalta a importância de selecionar atividades adequadas e baseadas nas dificuldades dos alunos, compreendendo que essas fazem parte do caminho para o aprendizado.
Boa leitura! E bom trabalho com a oralidade!

Projeto: O uso da carta no ensino dos diversos gêneros textuais

Por Otávio Martini


O ensino de língua materna compreende uma série de aspectos diferentes, todos igualmente relevantes para o processo de letramento. Leitura, escrita e oralidade são práticas que precisam ser desenvolvidas e aprimoradas continuamente. Tais práticas contribuirão para a formação integral do indivíduo, auxiliando-o no aprendizado das diversas áreas do conhecimento.
O aprimoramento da tecnologia nos meios de comunicação e a heterogeneidade linguística, consequentemente cada vez mais evidente, podem constituir empecilhos ou gerar dúvidas quanto ao modo mais adequado do professor proceder, mas ao mesmo tempo em que os novos recursos de mídia digital afetam de maneira direta na comunicação diária, estes mesmos recursos podem ser incorporados à sala de aula e às práticas pedagógicas.
A relevância dessas práticas no âmbito escolar são apontadas e explicadas com clareza nos documentos oficiais que norteiam o ensino no país, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) e, mais especificamente no Estado do Paraná, as Diretrizes Curriculares do Ensino de Língua Portuguesa.
Os PCN’s chamam a atenção para o fato de que, com do domínio da linguagem, o indivíduo se insere no contexto social ao mesmo tempo em que se reconhece como agente ativo no mundo e possuidor de sua própria maneira de posicionar-se diante dos demais.
A linguagem, portanto, apresenta um caráter multidimensional, influenciando e sendo influenciada pelo espaço social onde se dá, levando o indivíduo a ser visto em relação ao seu interlocutor e adequando a ele a escolha dos códigos verbais para a produção de sentido.
Dessa forma, cabe à escola o papel de promover a reflexão e a análise do caráter multidimensional da linguagem, “contribuindo para a formação geral do aluno e possibilitando-o a aprender a optar pelas escolhas, limitadas por princípios sociais” (PCNs, 2000).
As Diretrizes Curriculares para o Ensino de Língua Portuguesa no Estado do Paraná também afirmam que: “[...] é preciso que a escola seja um espaço que promova, por meio de uma gama de textos com diferentes funções sociais, o letramento do aluno, para que ele se envolva nas práticas de uso da língua – sejam de leitura, oralidade e escrita” (Paraná, 2008, p. 50).



Metodologia

O trabalho de análise de gêneros e produção de texto aqui idealizado está em conformidade com as propostas das Diretrizes Curriculares do Estado, onde se lê: “O professor é quem tem o contato direto com o aluno e com as suas fragilidades linguístico-discursivas, seleciona os gêneros (orais e escritos) a serem trabalhados de acordo com as necessidades, objetivos pretendidos, faixa etária bem como os conteúdos, sejam eles de oralidade, leitura, escrita e/ou análise linguística” (Paraná, 2008: p. 64). Cada etapa esta pautada em uma prática defendida pelas Diretrizes.
Nesse primeiro momento, o professor selecionará e apresentará aos alunos um determinado número de textos, todos do gênero a ser trabalhado com temáticas diversificadas.
Esta etapa fundamenta-se na prática de leitura: “Praticar a leitura em diferentes contextos requer que se compreendam as esferas discursivas em que os textos são produzidos e circulam, bem como se reconheçam as intenções e os interlocutores do discurso. É nessa dimensão dialógica, discursiva que a leitura deve ser experienciada, desde a alfabetização. O reconhecimento das vozes sociais e das ideologias presentes no discurso, tomadas nas teorizações de Bakhtin, ajudam na construção de sentido de um texto e na compreensão das relações de poder a ele inerentes”. (Paraná, 2008: p. 57). 
É importante que cada texto previamente escolhido seja devidamente contextualizado. Data de produção e/ou veiculação na imprensa, situação sociopolítica do momento da produção, espaço de circulação, função do texto e interlocutor devem ser compreendidos pelo aluno após cada leitura, dessa forma ele fará as inferências pertinentes para considerar os aspectos comuns a todas as leituras trazidas pelo professor naquela aula, compreendendo com mais clareza o conceito de gênero ao mesmo tempo em que associa aquelas marcas formais como sendo características do gênero trabalhado. O próprio aluno fará um exercício de reconhecimento e interpretação, como sugerem as Diretrizes: “A forma composicional dos gêneros será analisada pelos alunos no intuito de compreenderem algumas especificidades e similaridades das relações sociais numa dada esfera comunicativa. Para essa análise, é preciso considerar o interlocutor do texto, a situação de produção, a finalidade, o gênero ao qual pertence, entre outros aspectos.”
 “É preciso que o aluno se envolva com os textos que produz e assuma a autoria do que escreve, visto que ele é um sujeito que tem o que dizer. Quando escreve, ele diz de si, de sua leitura de mundo”. (Paraná, 2008: p. 56).
Após a realização da leitura dos diversos textos, o aluno deverá produzir uma carta endereçada ao professor. Nela os alunos relatarão ao professor que características comuns a todos os textos conseguiram depreender, quais temáticas foram abordadas nos textos que leu e com qual mais se identificou. O gênero textual “carta” foi escolhido para este momento de primeira produção pelas seguintes razões de ordem prática:
A)   Adequando o texto às características da carta, o aluno exercitará a habilidade de encadeamento de ideias em uma sequência lógica.
B)   Exercitará a concisão e objetividade
C)   Trabalhará no texto com a ideia de um leitor específico (o professor), adequando a escolha dos códigos verbais de acordo com a posição de cada interlocutor (no caso a relação aluno-professor).
D)   Colocará no corpo do texto suas próprias impressões das leituras feitas, de modo a identificar-se como autor que expõe sua visão.
E)   A utilização de um gênero textual quase em desuso, substituído pela forma eletrônica e-mail estimulará a reflexão sobre a relação entre os gêneros textuais e as funções que possuem no espaço-tempo onde circulam.
Sobre outras atividades escritas precedentes à atividade principal as Diretrizes orientam: “Ressalta-se que, no percurso da produção de texto do aluno, outras práticas de escrita podem acontecer para, então, chegar ao gênero pretendido, por exemplo: se a proposta for produzir uma notícia, o professor poderá encaminhar leituras de notícias, solicitar comentários escritos sobre o fato para os alunos ou resumos, a fim de trabalhar com a síntese de um assunto”. (Paraná, 2008: p.70). 
O professor ao término das atividades escritas deverá corrigir os textos dos alunos comentando em sua correção os aspectos em que o aluno apresentou falhas, orientando-o para saná-las em uma próxima atividade.        
Neste momento, serão trabalhadas as práticas de oralidade e escrita.
“A acolhida democrática da escola às variações linguísticas toma como ponto de partida os conhecimentos linguísticos dos alunos, para promover situações que os incentivem a falar, ou seja, fazer uso da variedade de linguagem que eles empregam em suas relações sociais, mostrando que as diferenças de registro não constituem, cientifica e legalmente, objeto de classificação e que é importante a adequação do registro nas diferentes estâncias discursivas.”
Após os alunos terem produzido um texto na etapa interior sobre as características do gênero trabalhado, o professor promoverá através de suas explicações um debate entre os alunos discutindo o gênero, em seus aspectos formais e funcionais.
Aqui se faz pertinente uma nova produção textual, onde os alunos abordarão aspectos funcionais do gênero, a proposta da carta pode ser mantida ou substituída por outra forma escolhida pelo professor de acordo com as necessidades de cada turma.
Esta etapa não será comum a todos os gêneros visto que o trabalho objetiva que o aluno conheça os aspectos funcionais e formais de elaboração dos gêneros mais complexos, portanto, a proposta de produção a ser feita neste momento não caberá a fotos, imagens virtuais e outros de natureza não-verbal, o que não deve impedir que estes gêneros deixem de ser trabalhados, pois mesmo que o aluno não venha a produzir um texto propriamente dito, o reconhecimento destes gêneros e de suas funções está implícito na leitura de mundo necessária ao indivíduo letrado. “[...] A leitura de imagens, como: fotos, cartazes, propagandas, imagens digitais e virtuais, figuras que povoam com intensidade crescente nosso universo cotidiano, deve contemplar os multiletramentos mencionados nestas Diretrizes.” (Paraná, 2008: p. 71). 
Esse é o momento em que o aluno produzirá um texto adequado ao gênero com base nos conhecimentos que possuía e que adquiriu entre as atividades desenvolvidas.
Após a correção do texto, o professor indicará as necessárias adequações a serem feitas para que o aluno o revise, possibilitando a realização da quinta e última etapa.
Compreende-se que a proposta das produções textuais realizadas na escola, correspondam às condições em que são realizadas, o processo de reescrita, portanto, é o momento em que o aluno orientado pelo professor fará as devidas adequações sendo propício também para a tentativa de sanar quaisquer dificuldades discursivas encontradas nos alunos. Sobre a atividade de reescrita, as Diretrizes defendem: “Por meio desse processo, que vivencia a prática de planejar, escrever, revisar e reescrever seus textos, o aluno perceberá que a reformulação da escrita não é motivo para constrangimento. O ato de revisar e reformular é antes de mais nada um processo que permite ao locutor refletir sobre seus pontos de vista, sua criatividade, seu imaginário.
O refazer textual pode ocorrer de forma individual ou em grupo, considerando a intenção e as circunstâncias da produção e não a mera ‘higienização’ do texto do aluno, para atender apenas aos recursos exigidos pela gramática. O refazer textual deve ser, portanto, atividade fundamentada na adequação do texto às exigências circunstanciais de sua produção.” (Paraná, 2008: p. 70).


Conclusões

O trabalho com gêneros textuais enfatizando as peculiaridades de forma e função se mostra eficaz no trabalho com alunos do 3º ano do ensino médio, as reflexões sobre forma e função dos textos estimulam os alunos a produzirem textos nos quais se reconhecem e defendem sua visão de mundo, contribuindo para a formação de indivíduos críticos em busca do multiletramento.

Obs.: Trabalho apresentado no II Fórum das Licenciaturas e IV Encontro PIBID, realizado na Unicentro em 2012

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

NOVAS FERRAMENTAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Por Ana Camila


O aluno passa anos e mais anos na escola, no entanto sai do estabelecimento de ensino sem sequer saber o básico, isso porque foi exposto por muito tempo a regras desestimulantes que apenas serviram para criar aversão pela leitura e escrita. Por essas e outras razões os novos professores podem e devem utilizar-se das ferramentas hoje disponíveis.

Uma das saídas para estimular os alunos talvez seja levar para a sala de aula jogos, dinâmicas e brincadeiras que possam auxiliar no aprendizado, pois o conteúdo é mais facilmente assimilado com exemplos e diversão.

Assim, uma das dicas de hoje é sobre o aprendizado da temível vírgula, um dos grandes problemas enfrentados por alunos e professores. O “jogo da vírgula”, da Grow, é interessantíssimo e pode ser usado com crianças a partir de dez anos, o jogo possui cartões com frases que não contêm virgulas, o objetivo do jogador é colocar a pontuação no lugar correto e aplicar a regra correspondente.

O jogo encontra-se disponível em: http://www.grow.com.br/produtos/detalhe/jogo_da_virgula

Mas como as escolas e os professores não possuem condições de disponibilizar aos alunos esse material, fica a dica, pois apesar disso podem-se criar novos jogos usando a criatividade. Na internet podem-se encontrar diversas outras opções, seguem abaixo duas delas que merecem destaque:

http://fmu.br/game/home.asp é um jogo sobre a regra ortográfica bastante interessante para alunos do ensino fundamental.

http://www.ludoeducativo.com.br/site/ o ludo educativo é vinculado ao CNPq e prepara o aluno para o Enem e o vestibular, contém todas as disciplinas do ensino fundamental e médio. Os professores podem trabalhar com essa ferramenta sem problemas, pois com apenas um cadastro podem conferir a pontuação obtida pelos alunos no jogo.

Millennials – A geração que está mudando o Mundo

Por Emanuelli Polletti


              Você é daquelas pessoas que está no mundo fazendo a diferença? Revolucionando os hábitos? Buscando a felicidade em tudo o que faz? Ama o seu trabalho? Utiliza a tecnologia como meio de atingir a plenitude? Põe o coração em tudo o que faz? Então você é um Millennials.
            Longe da geração Woodstock, que por sua importância iniciou um movimento que mudaria radicalmente o mundo na década de 60 e nos anos futuros, revoluções como a pílula, a liberdade sexual, transformações no cenário político-econômico, avanços tecnológicos nas comunicações permitiram que novas gerações pudessem avançar e evoluir. Esta nova geração, que inicia o terceiro milênio, tem suas próprias ideologias, filhos e netos da geração Woodstock logo compreenderam que deveriam criar suas próprias revoluções, adaptando-se a um mundo em constante mudança.
            A expressão Millennials foi utilizada por Niel Howe e William Struass, no livro Millennial Rising. A geração Millennials, também conhecida como geração Y, abrange os nascidos entre 1980 e 2000, e se desenvolveu combatendo os maus hábitos da geração Woodstock, na qual grande parte dos comportamentos era de revolta, de busca pela liberdade de expressão, de comportamentos e de identidades próprias.
            A geração Millennials logo descobriu que INFORMAÇÃO e OPORTUNIDADE são palavras de ordem, que modificam, revolucionam, oportunizam a todos o desejoso lugar ao sol a que todos ansiamos. As organizações que possuem como clientes esta faixa etária precisam entender e compreender como vivem, o que aspiram, como veem o mundo das organizações, como se inserem neles e como elas podem tirar proveito disso para aumentar e potencializar suas vendas.
            ESTA GERAÇÃO É:
1.                   Mais saudável, mais esportiva, luta para abandonar certos vícios como tabagismo, mas ainda luta freneticamente contra o álcool, cujos índices são muito altos nesta faixa etária. Viaja mais, gosta de passeios a países que possuem estruturas para caminhadas, escaladas, hotéis fazenda, gosta de animais de estimação, respeita o verde, organiza o lixo, é contra qualquer tipo de matança de animais, defende o meio ambiente, levanta bandeiras da sustentabilidade planetária, se preocupa com a qualidade do ar, discute melhorias alternativas ao combustível fóssil e passa a maior parte do tempo participando de movimentos pela qualidade de vida, por meio das redes sociais.
2.                   Mais estudiosa, compenetrada, é “nerd” e está buscando os estudos como meta de melhorar a vida e não somente seu status profissional de busca de melhores salários. Está mais preocupada em conhecer, saber, do que se capacitar, habilitar. É uma geração de atitudes fortes, marcantes, individuais e ao mesmo tempo de movimentos grupais que identifique seus integrantes.
3.                   Mais vaidosa, cuida do corpo, da saúde, da beleza produzida em academias de ginástica, se veste melhor, liga mais para marcas do que as gerações anteriores, mas procura vestimentas que os identifiquem com movimentos e grupos dos quais participam. Cuida do corpo a ponto de buscar mais e mais cuidados médicos, clínicos e cirúrgico-estéticos. Traduz uma geração que busca melhorar a aparência, a beleza, mas sem perder a essência de seus conteúdos, dos pensamentos, das ideias, das inteligências de seu tempo.
4.                   Mais cuidadosa com os aspectos de transmissões por vias sexuais, está mais ajuizada, utiliza a camisinha, vai a médicos com frequência. Está mais sujeita a relacionamentos mais curtos, porém mais intensos. Não abre mão facilmente de suas ideias, ideologias e modo livre de viver a vida.
5.                   Mais trabalhadora, não veste camisa das empresas, se desfaz facilmente de seus empregos em busca do que realmente gosta de fazer. Busca colocar o coração no tipo de trabalho que gostaria de desenvolver e, enquanto não encontra, busca freneticamente descobrir por que está neste mundo e qual o seu propósito.
6.                   Mais consumista. Logo, troca a vestimenta, a tecnologia e o comportamento por outro mais à frente. Segurar esta clientela por um tempo maior é o desafio das grandes organizações hoje em dia. Estão ávidas em consumir, mas são muito livres para que permaneçam muito tempo com um vestiário, um celular, um carro, um lugar.
            A geração Millennials quer aumentar mais a faixa da juventude e entrar na faixa adulta mais tarde. Desta maneira, é comum que essas pessoas se apeguem por muito mais tempo à moda jovem, aos costumes jovens, à tecnologia jovem. Não buscam os estudos porque os pais assim o querem, mas porque compreendem que o mundo mágico da informação e da compreensão começa ali. Trocam com muita frequência de faculdade, até encontrarem uma que lhes faça sentido, mesmo que os ganhos não lhes sejam aparentes. Estão preocupados em ser, embora o dinheiro nem sempre lhes permita isso. São menos inseguros quanto a escolher uma profissão, porque sabem que podem mudar a todo o momento. São mais empreendedores e apostam num futuro promissor, por confiar em seus instintos. Não é só o sucesso que os motiva, mas o caminho que os levam para o sucesso. Por isso, as escolhas são sempre acompanhadas de muita intensidade, flexibilidade e autenticidade.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Música no ensino de Coesão e Coerência


Não são todos os professores que utilizam músicas em suas aulas e não podemos esquecer que devemos estar sempre inovando o nosso jeito de ensinar, afinal, criatividade é fundamental nas aulas de Língua Portuguesa!
A música pode ser utilizada como recurso para se trabalhar conteúdos de gramática ou Literatura, vai depender dos objetivos que se quer alcançar. A aula irá tornar-se interessante e será uma motivação a mais para o aprendizado.
Como exemplo, vou apresentar uma sugestão a vocês, para que utilizem a música ou a tomem como base.
Ao ensinar coesão e coerência é uma ótima ideia apresentar uma música que os alunos não compreendam muito bem a letra, como por exemplo a letra da música " Arrumação" de Tadeu Franco. Após ouvirem a música, os alunos serão questionados sobre o que compreenderam da letra ouvida e também se nela há coesão e coerência.
Depois, para fixar o conteúdo os alunos irão realizar produções textuais a partir da música " Eduardo e Mônica" de Legião Urbana  e, pensando na coesão e coerência, produzirão um texto que narre a história apresentada na letra da música, os meninos irão produzir a narrativa na versão do Eduardo e as meninas da Mônica. No próprio texto serão destacados os elementos de coesão.
Para que haja o aprendizado é necessário primeiramente despertar a imaginação do aluno, é uma atitude em vão apenas centrar a aula em conceitos e regras, pois não estarão aprendendo de fato se apenas decorarem determinado assunto.
Na disciplina de Língua Portuguesa os professores precisam explorar todas as formas de linguagem e todos os gêneros textuais/discursivos, pois temos uma infinidade de recursos criativos para desenvolver nossa aula.


A letra da música "Arrumação" de Tadeu Franco encontra-se disponível em: http://letras.mus.br/tadeu-franco/564586/
E "Eduardo e Mônica" de Legião Urbana em : http://letras.mus.br/legiao-urbana/22497/




Dica de Leitura

                                          Você sabe o que é Peconceito Linguístico?

          A dica de leitura desta semana fez parte de uma das tarefas que nós, bolsistas-PIBID, realizamos durante o período de férias: efetuamos a leitura e o fichamento de um importante livro "Preconceito Linguístico" de Marcos Bagno.
Com uma linguagem bastante clara e direta, o livro “Preconceito Linguístico” pode ser visto como uma grande referência para todos os interessados pela área da linguagem. 
Com a leitura, pode-se perceber o quão enraizado ainda está o preconceito linguístico, isso fica bastante explícito nos oito mitos que o autor discute ao longo do livro. Pelo fato de serem “mitos” já significa que não são afirmações provadas cientificamente e, neste caso, são afirmações totalmente falsas e preconceituosas, que não levam em conta nenhum pressuposto da linguística – ciência da linguagem.
Num primeiro olhar, pode-se afirmar que os mitos do preconceito linguístico são oriundos do senso comum, porém, estes mitos são somente alimentados pelo senso comum e, ao analisar mais profundamente a questão, é fácil perceber que há um interesse por detrás destes mitos, ou seja, está, camufladamente, enraizada uma questão linguístico-ideológica, vinculada à manutenção do discurso do poder, que está nas mãos da classe alta brasileira.
É de grande importância o conhecimento do "círculo vicioso do preconceito linguístico" também exposto no livro: a gramática tradicional inspirando o ensino, que irá reger a indústria do livro didático, em que os autores utilizam a gramática tradicional como referência para as suas concepções linguísticas. E assim o círculo se forma e se fecha...
Além desse círculo, outros meios também acabam cultuando o preconceito linguístico, por exemplo, percebe-se que a maioria das pessoas são guiadas pelo discurso midiático, que não deixa de ser um grande formador de opinião. Para manter estes mitos, a ideia é bastante lógica: a mídia está aliada com a classe alta, que quer manter o discurso do poder, ora, para manter o discurso do poder recorre-se à gramática e à ideia de falar “corretamente”, de “não errar mais”. Sabemos que a mídia tem uma forte influência sobre os indivíduos, além disso, a mídia trabalha com o discurso pronto e passa às pessoas a noção de que o discurso precisa ser formal. Um exemplo disso é que, em pesquisas realizadas, os brasileiros elegeram o Jornal Nacional (Rede Globo de televisão) como o modelo de fala e escrita dos brasileiros. Logo, tendo esse modelo, isto acaba influenciado o ensino, visto que, se o professor não tiver o conhecimento de variações linguísticas, de contexto, de múltiplas interpretações, também acabará convencido pela mídia e, posteriormente, influenciará seus alunos a pensar a língua como um modelo estanque, “correto”, que não admite variações, uma vez que o professor é também um formador de opinião.
Assim, é preciso lutar para a desconstrução dos preconceitos linguísticos, pois uma língua pertence aos seus falantes e não é contra eles, como pode-se perceber ao longo dos mitos discutidos no livro. Aqui, entram em cena os linguistas que precisam ser ouvidos, pois são estudiosos com grande embasamento teórico e científico.
Enfim, a leitura de BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 1999 é bastante esclarecedora e uma boa maneira de extinguir, ou ao menos minimizar, os misticismos que assombram a nossa língua.
Boa leitura!